Ernesto Araújo não responde a preocupações do agronegócio, diz vice da SRB
Mas Camargo considerou "ruim" e "fraca" a manifestação do futuro chanceler, embaixador Ernesto Araújo, em apoio ao setor, em sua conta no Twitter. "Ele não respondeu sobre a questão da embaixada em Jerusalém, que é o que o setor quer saber", afirmou. Tampouco houve posicionamento em relação à China, outro ponto de preocupação.
Há pouco, Araújo postou no Twitter que vai criar um departamento de agronegócio e que dará ao setor uma atenção nunca antes dispensada. Disse também que o Itamaraty foi a "casa do MST" nos governos do PT e que algumas negociações comerciais em curso são ruins para o agronegócio. Acusou o "establishment" e a mídia de tentar indispor a agricultura com os "ideais do povo brasileiro."
Mas o que de fato preocupa o agronegócio são os sinais que pode haver problemas na relação com grandes mercados, como a China e o Oriente Médio.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, emitiu sinais de indisposição com a China, ao visitar Taiwan (que não reconhece o predomínio do continente) e disse que os chineses estão "comprando o Brasil". Ao que os chineses responderam, com um editorial num jornal destinado ao ocidente, que o Brasil pode pagar caro por suas posições.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil, com exportações de US$ 58,8 bilhões até o fim de novembro deste ano. Desses, US$ 25,9 bilhões são de soja.
Já o mercado árabe, grande consumidor de açúcar e carne, ameaça retaliar caso o Brasil de fato transfira sua embaixada de Tel-Aviv para Jerusalém. O gesto reconheceria a reivindicação de Israel sobre a cidade. Os árabes apoiam a Palestina no conflito.
As negociações comerciais em curso, avalia Pedro Camargo, não ameaçam o setor agrícola. "O agronegócio sempre ganha; às vezes ganha pouco, às vezes ganha muito."
Ele reconhece que a falta de acordos bilaterais de fato impede um comércio maior, mas acredita que eles não existam "mais por culpa do setor do que do Itamaraty". Por ser um setor forte, o agro mais atrapalha o fechamento de novos acordos do que ajuda, avalia o especialista.
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