A 'tropa de choque' dos empresários bolsonaristas
Nigri foi um dos primeiros a se aproximar, há três anos, do então deputado que queria ser presidente. Seu filho já era amigo de Eduardo Bolsonaro. O dono da Tecnisa passou a ser espécie de fiador de Bolsonaro em círculos paulistanos, em especial entre a comunidade judaica. O empresário já tinha bom relacionamento com João Doria, que ensaiou candidatura presidencial, e manteve relação próxima com Geraldo Alckmin. Mas foi a campanha de Bolsonaro que o entusiasmou.
Ele e o amigo Fabio Wajngarten, dono de uma empresa de pesquisas, promoveram almoços e jantares para aproximar o candidato do empresariado paulista. "Nesses anos, em cada roda de amigos, tinha que defendê-lo mesmo, porque, no primeiro momento, tinha muita reação. Eu tinha de ficar explicando: tenho certeza, é um cara bacana, é honestíssimo", conta Nigri.
Nessa toada, Nigri e Wajngarten acabaram convertendo para o lado de Bolsonaro amigos como Sebastião Bomfim, dono da rede de artigos esportivos Centauro. O mineiro, que vive em São Paulo, tornou-se um dos primeiros grandes empresários a declarar publicamente voto no candidato do PSL durante a campanha. "Falar hoje que apoia não tem mais problema nenhum. Na ocasião, ainda batia quadrado para muita gente. Impressionante como as pessoas foram mudando de percepção de agosto para cá", diz Bomfim.
Foi também num desses encontros em São Paulo que Flávio Rocha, dono da varejista Riachuelo, aderiu ao grupo de apoiadores de Bolsonaro. Rocha chegou a se lançar candidato pelo PRB, mas recuou da empreitada. Amigo de Doria, tinha ressalvas em relação a Bolsonaro. Hoje, isso está superado: "Ele foi o candidato que melhor representou a voz anti-PT", afirma.
O grupo segue orbitando a tropa bolsonarista. Nigri, que se refere a Bolsonaro como amigo, fala ao telefone com frequência com o futuro presidente e se reúne com ele sempre que possível. Wajngarten e Bomfim também - estavam a postos, por exemplo, no aeroporto de Congonhas para receber o presidente eleito e acompanhá-lo na partida na qual se comemorou o título brasileiro do Palmeiras.
Esse movimento do "novo empresariado" reflete uma frustração com os anos de gestão do PT, diz Leandro Cosentino, professor do Insper. "O empresariado sempre defendeu lobbies. Temos de esperar para ver."
Nigri, Bomfim e Rocha garantem que querem contribuir com o governo, mas informalmente. Não têm intenção de assumir cargos, nem buscam lobby para suas empresas, afirmam. "Minha colaboração com o governo será por meio do Instituto Brasileiro do Varejo", diz Rocha.
Nigri diz que sua ponte com Bolsonaro é para colaborar com o setor e com o País. "Precisamos gerar emprego", afirma. "Não temos concessões nem compramos ou vendemos para a União. Somos a turma que paga a conta", sustenta Bomfim. A conta da campanha até tentaram pagar, mas juram que não conseguiram. Nigri chegou a colocar dinheiro na conta bancária de Bolsonaro, mas diz que o depósito foi devolvido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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