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Retomar reforma de Temer seria 'retrocesso quantitativo', diz Fraga

Denise Luna

Rio

12/02/2019 14h57

O economista e ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga disse nesta terça-feira, 12, que a proposta do líder do PSL na Câmara, Major Olímpio, de ressuscitar o texto da reforma da Previdência de Michel Temer "seria sobretudo um retrocesso quantitativo", referindo-se à redução de economia em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) que seria possível fazer. Ele afirmou continuar defendendo uma reforma mais impactante, que caminhe para um modelo de Previdência única no País.

"A proposta do governo Temer foi excelente, mas foi desenhada dois, três anos atrás. O rombo fiscal cresceu muito depois disso, e ficou claro que na nossa leitura é fundamental que se faça mais", disse Fraga após almoço/palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) para cerca de 200 empresários.

"Eu penso que vai entrar todo mundo, já passou a hora de se fazer esse tipo de diferenciação em meio a esse caos fiscal. Eu acho que os militares vão entrar. A reforma deve levar a uma certa convergência, certamente dos regimes privado e geral, com certeza", completou.

O ex-presidente do BC defende uma reforma que garanta economia anual de 2,5% do PIB, contra a economia de 1,5% proposta que está sendo sinalizada pela equipe do presidente Jair Bolsonaro, que significa algo como R$ 1 trilhão em uma década, lembrou Fraga, ressaltando que no projeto dele havia regras que já foram descartadas como a igualdade entre mulheres e homens na aposentadoria.

"Se o Congresso fizer muitas emendas e diluir, vai para 1%, como precisamos de ajuste maior para o País deslanchar, de onde vai sair o resto? Se a ficha cair e fizessem uma reforma mais impactante, poderia ir para 2% do PIB, e se sair a MP do combate à fraude pode chegar até 2,5%", detalhou.

Fraga disse acreditar que a reforma da previdência caminha para um projeto de modelo único, inclusive com a implantação de um benefício básico.

"Eu não vejo como uma proposta bem-sucedida possa acontecer se depois de superada a fase de transição não exista um modelo de Previdência única no País. O desenho de reforma que vai vingar vai ter essa cara, igual para todo mundo, acho que vai ter um benefício básico, igual para todos", afirmou. "Mas não vai acontecer da noite para o dia, a briga vai ser no Congresso", previu.