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Em relatório, BC repete que balanço de riscos para inflação mostra-se simétrico

Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues

Brasília

28/03/2019 10h57

O Banco Central (BC) voltou a registrar nesta quinta-feira, 28, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que seu balanço de riscos para a inflação tornou-se simétrico. Até o encontro de fevereiro, o colegiado avaliava o balanço como assimétrico, com peso maior para os riscos inflacionários.

No comunicado da decisão semana passada, quando manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 6,50% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) já havia promovido um rebalanceamento de riscos. Isso foi novamente registrado na ata do encontro, publicada na terça-feira, e no relatório de hoje.

O colegiado voltou a afirmar, no RTI, que existem fatores de risco em ambas as direções: a desinflacionária e a inflacionária. No primeiro caso, o BC repetiu que "o nível de ociosidade elevado pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado".

No caso dos riscos inflacionários, o BC repetiu que "uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária". Além disso, a instituição lembrou que o risco ligado às reformas "se intensifica no caso de deterioração do cenário externo para economias emergentes".

Desta vez, porém, a visão trazida pelo comunicado, pela ata e pelo RTI é de que os riscos desinflacionários e inflacionários têm agora o mesmo peso - daí a simetria.

Cautela, serenidade e perseverança

O Banco Central reafirmou também que "cautela, serenidade e perseverança" nas decisões sobre juros, "inclusive diante de cenários voláteis, têm sido úteis na perseguição de seu objetivo precípuo de manter a trajetória de inflação em direção às metas".

O trecho do RTI retoma uma ideia que já aparecia no comunicado e na ata do encontro da semana passada do Copom, quando a Selic (a taxa básica de juros) foi mantida em 6,50% ao ano pela oitava vez consecutiva. A primeira vez que o BC citou estes três fatores como referência para a tomada de decisão foi na ata de dezembro do Copom.

O destaque dado a estes conceitos desde dezembro ocorre em meio ao surgimento de percepção, em parte do mercado financeiro, de que o BC poderia iniciar um ciclo de novos cortes da Selic - e não de elevação. Isso porque a atividade econômica segue fraca, enquanto os índices de inflação estão controlados.

Porém, ao citar "cautela, serenidade e perseverança" nas decisões, o BC tem sugerido que será criterioso ao iniciar um novo ciclo, para um lado ou para outro.

Níveis confortáveis

O Banco Central reiterou ainda, no RTI, que "as diversas medidas de inflação subjacente se encontram em níveis apropriados ou confortáveis, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária". A referência diz respeito aos itens de serviços. Essa ideia já estava presente no comunicado e na ata do último encontro do Copom, quando a Selic (a taxa básica de juros) foi mantida em 6,50% ao ano.

O BC reafirmou também que o cenário externo permanece desafiador. "Por um lado, os riscos associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas recuaram desde a reunião anterior do Copom. Por outro lado, os riscos associados a uma desaceleração da economia global, em função de diversas incertezas, mostram-se mais elevados", registrou a instituição.

Atividade econômica

No RTI, o BC pontuou ainda que os indicadores de atividade recentes indicam ritmo aquém do esperado no Brasil. "Não obstante, a economia brasileira segue em processo de recuperação gradual", acrescentou o BC.