Presidente da Petrobras diz esperar melhores resultados no próximo trimestre
O executivo disse ter sido surpreendido positivamente ao assumir o cargo no início deste ano. Segundo ele, a equipe é boa e os ativos são de primeira linha, o que considera "motivador". "É claro que a empresa ainda tem problemas, com custo alto e dívida elevada."
Segundo Castello Branco, a Petrobras tem o costume de superestimar suas projeções de investimento. Esse pode ser um dos motivos para a empresa não atingir os valores previstos. Além disso, está sendo discutido internamente uma possível lentidão no processo de compra.
A previsão é de crescimento do investimento com a participação da empresa nos leilões marcados para este ano, principalmente, na concorrência por áreas excedentes à cessão onerosa.
BR Distribuidora
O presidente da Petrobras contrariou o presidente da BR Distribuidora, Rafael Grisolia, ao afirmar que a distribuidora não vai participar do processo de compra de refinarias da petroleira. "BR não participará de processo de compra de refinarias", disse Castello Branco, em teleconferência com analistas.
Na terça, o presidente da BR Distribuidora, Rafael Grisolia, afirmou que pretende monitorar oportunidades na área de refino diante do anúncio recente da Petrobras de que pretende desinvestir em oito refinarias.
"Como distribuidor, temos o dever de olhar isso de diversos ângulos. Decisões futuras; temos de olhar todas as condições para frente", afirmou Grisolia, durante teleconferência com analistas. A fala gerou uma reação de Castello Branco na conferência desta quarta-feira.
Castello Branco acrescentou que ainda não há uma definição sobre a venda da BR Distribuidora e seu processo (se será um follow-on). "Não temos definição de quanto vamos vender", disse, e emendou: "Vamos ficar com participação que não é de controlador. Ele ponderou que tudo ainda precisa ser conversado.
Cessão onerosa
O diretor executivo de Exploração e Produção da Petrobras, Carlos Alberto Pereira de Oliveira, afirmou que a empresa ainda não decidiu sobre sua prioridade no excedente do pré-sal na cessão onerosa. "Nossa prioridade (na produção) está sendo no pré-sal. Vamos participar de uma forma efetiva das licitações do pré-sal que vêm acontecendo", disse.
E destacou: "A gente está analisando agora o exercício de preferência da cessão onerosa. Temos até 17 de maio (para tomar decisão). Ainda não temos posição."
Custo de produção
Pereira de Oliveira afirmou que o custo de produção da companhia deve recuar neste ano. "Temos expectativa de ficar abaixo de US$ 10 (por barril)", disse.
Ao comentar o tema, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que tal queda no chamado lifting cost deve vir com o avanço na produção do pré-sal. "Quanto maior produção do pré-sal, menor será lifting cost", afirmou.
O custo de extração (lifting cost) da Petrobras no Brasil sem a participação governamental ficou em US$ 10,44 o barril no primeiro trimestre deste ano, queda de 9% na comparação com os US$ 11,51 apurados no mesmo intervalo de 2018, mas 2% superior aos US$ 10,24 reportados no quarto trimestre do ano passado.
Óleo diesel
A diretora de Refino e Gás Natural da Petrobras, Anelise Lara, argumentou que o aumento da importação de óleo diesel não justificaria uma elevação de produção interna, com crescimento do fator de utilização da capacidade das refinarias. Em teleconferência com analistas de mercado, ela afirmou que "não adianta aumentar a produção focando apenas em um dos derivados".
Ao produzir um derivado, automaticamente, a empresa amplia também o volume de uma cadeia de produtos, como óleo combustível, que não tem valor agregado e por isso não interessa à companhia.
Teaser
A Petrobras vai informar ao mercado em junho das condições de venda de oito refinarias, informou a diretora financeira da empresa, Andrea Almeida, em teleconferência com analistas de mercado para apresentar o resultado financeiro do primeiro trimestre.
Segundo a executiva, a ideia é vender as refinarias isoladamente e não em pacotes, como chegou a ser planejado pelo ex-presidente da companhia Pedro Parente. Num primeiro desenho, a empresa planejou dois pacotes de venda - um com ativos do Nordeste e outro com ativos do Sul.
"Teremos um teaser que vai ao mercado no fim de junho e terá os detalhes. A ideia é fazer as vendas individualmente e apenas atreladas ao oleoduto. Essa é a ideia, mas teremos mais detalhes em junho", afirmou Almeida.
CNPC
O diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Carlos Alberto Oliveira, informou que a empresa continua negociando com a chinesa CNPC possível participação no campo de Marlim. As conversas devem se estender até o segundo semestre.
Ainda de acordo com o diretor, está prevista uma concentração de paradas de plataformas no início do segundo trimestre deste ano, porém em patamares mais elevados do que no primeiro trimestre.
A parada de plataformas foi um dos motivos para a retração do lucro de 42%, no período de janeiro a março, comparado a igual período do ano passado. Porém, para os próximos meses, a perspectiva é de crescimento da produção até que a empresa alcance a meta de 2,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d).
Desalavancagem
Andrea Almeida afirmou que a companhia irá adotar, neste momento de redução da alavancagem, uma política de pagamento mínimo de dividendo aos seus acionistas. "A ideia é enquanto estamos desalavancando - e acredito que ainda temos muito a fazer -, a ideia é pagar o dividendo mínimo e exigido pela lei e depois que a meta seja alcançada seremos capazes de distribuir mais dividendos", disse a executiva, durante teleconferência com investidores.
Na ocasião, Castello Branco aproveitou para criticar o modelo de dividendos adotado no Brasil. "Gostaria de destacar que o Brasil é uma das poucas nações que tem um pagamento mínimo de dividendo exigido por lei, algo que é uma distorção. Mas vamos seguir a lei. Vamos pagar o dividendo mínimo exigido", disse, fazendo um apelo para que o mercado de capitais no Brasil seja "modernizado".
A meta da companhia é chegar a uma alavancagem de 1,5 vez. O indicador atingiu 3,19 vezes em março de 2019, ante 2,34 vezes em dezembro e 3,52 vezes em março de 2018. Os dados consideram o novo padrão contábil IFRS16. Sem contar o novo padrão contábil, o indicador estaria em 2,37 vezes no fim de março.
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