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ANP investe R$ 12 mi em robô Hermes para agilizar informações para investidores

Denise Luna

24/07/2019 19h11

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) inaugurou nesta quarta-feira, 24, o robô Hermes, que reúne todos os dados gerados pela indústria de petróleo e gás no Brasil. O objetivo é reduzir custos e dar maior segurança e velocidade na divulgação dos dados do setor de petróleo e gás natural no País, em um momento em que o governo se propõe a abrir cada vez mais esse mercado para o mundo.

Até meados do ano passado, quem desejasse acessar informações sobre campos de petróleo e gás natural no Brasil tinha que ir até um prédio da ANP, na zona sul do Rio, para comprar disquetes com as informações.

"O disquete custava uns mil reais, mas a pessoa gastava o triplo disso em passagens e hotel se fosse de fora do Rio", exemplificou o diretor-geral da ANP, Décio Oddone, que participou do evento junto com o diretor da ANP Felipe Kury.

Agora a consulta pode ser feita online e, a partir de meados de 2020, será criado um "portal na nuvem", que facilitará ainda mais a consulta, explicou o superintendente de Dados Técnicos da ANP, Cláudio Jorge Souza. Serão armazenados dados de sísmica, tomografias computadorizadas de amostras, dados digitais de poços, de métodos não sísmicos, dentre outros, das fases exploratória e de produção dos contratos da indústria de petróleo brasileira.

Ele informa que o custo para o investidor foi reduzido em cerca de 60% como Hermes, um projeto que custou R$ 12 milhões para a ANP. Um pacote completo de dados, por exemplo, com todas as informações existentes no Hermes, custa R$ 30 mil. O robô tem capacidade para armazenar 30 petabytes, mas atualmente tem apenas 6 petabytes ocupados.

A preocupação com a agilidade da informação se deve ao aumento da procura por dados de áreas petrolíferas no Brasil, que, segundo a ANP, vem crescendo rapidamente à medida que o governo anuncia medidas para abrir de fato o setor, como o fim do monopólio da Petrobras em gasodutos e refinarias.

"Aumentou muito o acesso aos nossos dados em um mês e meio. Em 2018 foram 6 mil acessos ao nosso banco de dados, e este ano, em um mês e meio já contabilizamos 3 mil acessos por 43 países", disse Souza.

Para Oddone, a falta de acesso rápido à essas informações é o motivo para que poucas empresas de fora do Brasil da área de petróleo tenham se estabelecido aqui. "Todo mundo queria ser sócio da Petrobras porque só ela tinha todas as informações, e quando o governo abria (as informações) para os leilões, não tinham tempo suficiente de analisar direito os dados e acabavam indo com a Petrobras", avaliou.

Oferta permanente

O Hermes também será muito utilizado no Banco de Oferta Permanente de Áreas de Petróleo e Gás da ANP, que já possui 650 campos aptos a serem disputados. O primeiro leilão da Oferta Permanente está previsto para 10 de setembro e conta até o momento com três áreas.

Oddone quer adicionar ao banco outras 2 mil áreas que não foram vendidas em leilões passados da ANP, mas que dependem ainda de uma reavaliação do Ibama.

Segundo o diretor-geral da ANP, vão integrar também a oferta permanente áreas devolvidas pela Petrobras. "A expectativa é que Juruá (bacia do Solimões) entre na próxima rodada de ofertas e Piranema (bacia Sergipe-Alagoas) também deve entrar, se a Petrobras não vender", informou Oddone.

O executivo também espera que os investidores que estão comprando ativos da Petrobras também acessem o banco para comprar em torno dos campos vendidos pela estatal. "Esse pessoal vai começar a olhar em volta e vai vir na ANP pegar os dados, para aumentar a exploração nos campos em torno de Pampo e Enchova, por exemplo. Vamos ver aumento significativo da produção de petróleo nessas áreas. Em dois, três anos vamos ver produções triplicando facilmente", finalizou.