Ipea: mercado de trabalho tem aumento de retenção de ocupados e de formalização
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já havia registrado redução do desemprego.
Como divulgado no fim do mês passado, a taxa de desemprego ficou em 11,2% no trimestre móvel encerrado em janeiro, 0,8 ponto porcentual (p.p.) abaixo da taxa de igual período do ano anterior.
Ao analisar os microdados da Pnad-C, os pesquisadores do Ipea concluíram que o "melhor desempenho da ocupação vem sendo possibilitado não apenas pelo aumento da geração de postos de trabalho, mas também pelo recuo do número de demissões", com mais retenção.
"No último trimestre de 2019, a proporção de ocupados que já se encontravam nesta situação no trimestre imediatamente anterior foi de 86,1%, o que significa o maior patamar de retenção de trabalhadores para este período desde 2014", diz o relatório do estudo divulgado nesta quinta.
O aumento da retenção dos trabalhadores empregados é maior no mercado formal. "No quarto trimestre de 2019, a retenção de ocupados no setor formal da economia foi de 90,1%, o que constitui o pico da série, superando, inclusive, os períodos de maior dinamismo no mercado de trabalho brasileiro", diz o relatório do Ipea.
Os pesquisadores também identificaram, nos microdados da Pnad-C, "movimentações mais favoráveis nos fluxos de trabalhadores entrando ou saindo" da categoria de empregado formal. Entre 2014 e 2018, a parcela dos trabalhadores que transitou da desocupação para a ocupação no mercado formal tombou de 15,4% para 8,7%. No último trimestre de 2019, porém, houve ligeira recuperação, para 8,8%.
Já o fluxo de trabalhadores que passa da informalidade para a formalidade caiu de 17% em 2014 para 13,1% em 2018. Agora, no quarto trimestre de 2019, essa proporção voltou a subir, para 13,7%. "Em contrapartida, a parcela de ocupados que transitaram na direção oposta - da formalidade para a informalidade - caiu de 5,9% para 5,3% entre o terceiro e o quarto trimestre de 2019", diz o relatório.
Por outro lado, a dinâmica da renda segue como o ponto negativo do processo de recuperação do mercado de trabalho. Utilizando o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda (índice que desagrega o IPCA conforme diferentes faixas de renda), os pesquisadores verificaram que houve queda no rendimento médio real domiciliar em todas as faixas de renda, especialmente nas faixas 4 (de R$ 4.134,03 a R$ 8.268,06) e 5 (de R$ 8.268,06 a R$ 16.536,12), com recuos de 1,97% e 2,01%, respectivamente. As faixas mais baixa (menor que R$ 1.653,015) e mais alta (maior que R$ 16.536,12) apresentaram recuos de 1,95% e 1,45%, respectivamente.
"Esta queda generalizada de rendimentos pode ser explicada pela combinação de uma aceleração inflacionária no fim do ano passado, impactada pelo forte reajuste dos alimentos, além de um efeito composição, tendo em vista que as novas vagas criadas tendem a apresentar uma remuneração mais baixa que as vigentes, gerando uma queda do salário médio da economia", diz o relatório do Ipea.
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