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80% dos consumidores só têm comprado o essencial na pandemia, diz FGV

Movimentação em hipermercado da Zona Oeste de Recife (PE), com alerta para modos de prevenção da covid-19 - MARLON COSTA/ESTADÃO CONTEÚDO
Movimentação em hipermercado da Zona Oeste de Recife (PE), com alerta para modos de prevenção da covid-19 Imagem: MARLON COSTA/ESTADÃO CONTEÚDO

Vinicius Neder

Rio de Janeiro

22/04/2020 07h01

Quase 80% dos consumidores estão comprando apenas produtos essenciais em meio à quarentena para conter o avanço da covid-19, mostram recortes específicos das pesquisas de confiança na Fundação Getúlio Vargas. E, conforme dados prévios de abril, o setor empresarial que está mais pessimista com a crise econômica é a construção civil.

Em março, as pesquisas da FGV já haviam registrado fortes quedas na confiança, de consumidores e de empresários, por causa da pandemia. Por isso, para as sondagens de abril, que serão divulgadas na próxima semana, foram elaboradas questões específicas sobre a nova crise econômica. Com 85% das entrevistas já feitas, a FGV fez uma prévia dos resultados.

Entre os consumidores, 79,1% disseram que estão comprando apenas o essencial. Na média geral, apenas 15,4% do total de entrevistados responderam que, "por enquanto, não foram afetados".

O pesquisador Rodolpho Tobler, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, afirmou que a quantidade de respostas dando conta de que os orçamentos familiares não foram afetados poderá diminuir. A pergunta específica questionou sobre a situação financeira das famílias. Aquelas cuja renda vem do emprego com carteira assinada ou de aposentadorias tendem a não ser afetadas num primeiro momento.

"É um retrato de abril, mas as coisas podem mudar muito rápido", afirmou Tobler, lembrando que as famílias ainda poderão ser atingidas pelo desemprego ou por quedas na renda por conta da redução de salários.

Tanto que apenas 10,6% dos mais pobres disseram que ainda não foram afetados pela crise econômica. Nessas famílias, muitas vezes dependentes da renda de trabalhos informais, o impacto da crise chega logo, lembrou Tobler. Entre as famílias mais ricas, 20,6% disseram que não foram afetados.

Tobler chamou atenção para o fato de que 67,8% dos consumidores disseram acreditar que a economia brasileira voltará ao normal apenas depois de seis meses. Isso sinaliza para uma lenta recuperação da economia. "Mesmo com a abertura do comércio, com a volta da vida normal, a recuperação da atividade não vai acontecer de uma hora para outra."

Nas pesquisas sobre a confiança empresarial, chamou a atenção o pessimismo da construção civil. Entre os entrevistados do setor, 94,3% responderam que a crise terá impacto "negativo ou muito negativo", superando o setor de serviços, com 91,7% - nos segmentos de alojamento, serviços de transporte rodoviário e obras de acabamento, mais de 75% das empresas consideram que foram afetadas muito negativamente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.