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Concessões no crédito livre sobem 28,3% em março ante fevereiro, afirma BC

Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues

Brasília

28/04/2020 10h08

Com empresas e famílias em busca de recursos para fechar as contas, na esteira da pandemia do novo coronavírus, as concessões dos bancos no crédito livre subiram 28,3% em março ante fevereiro, para R$ 370,0 bilhões, informou nesta terça-feira o Banco Central. Nos 12 meses até março, houve avanço de 16,7%.

Os dados apresentados agora pelo BC já são influenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população e reduziu a atividade das empresas. Em meio à carência de recursos, famílias e empresas aumentaram a demanda por crédito nos bancos, o que se reflete nos números de concessões.

O BC, no entanto, não divulga dados sobre o quanto a procura por crédito aumentou - mas apenas o quanto foi concedido. Assim, isoladamente os números de concessões não indicam se toda a demanda por crédito está, de fato, sendo atendida.

Em março, no crédito para pessoas físicas, as concessões subiram 0,4%, para R$ 153,9 bilhões. Em 12 meses até março, há alta de 14,7%.

Já no caso de pessoas jurídicas, as concessões subiram 59,9% em março ante fevereiro, para R$ 216,1 bilhões. Em 12 meses até março, o avanço é de 19,0%.

Taxa média de juros

A taxa média de juros no crédito livre caiu de 34,1% ao ano em fevereiro para 33,2% ao ano em março, informou o Banco Central. Em março de 2019, essa taxa estava em 38,3% ao ano.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 46,7% para 46,1% ao ano de fevereiro para março, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 17,0% para 16,6% ao ano.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 130,6 % ao ano para 130,0% ao ano de fevereiro para março. No crédito pessoal, a taxa passou de 21,4% para 21,0% ao ano.

Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. A expectativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) era de que essa migração do cheque especial para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda do juro cobrado ao consumidor.

Em função da ineficácia da autorregulação da Febraban, o BC anunciou a limitação dos juros do cheque especial em 8% ao ano (151,82% ao ano). A nova regra começou a valer em 6 de janeiro.

Além da limitação do juro, os dados agora divulgados também refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

Os dados divulgados nesta terça pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 19,4% ao ano em fevereiro para 19,8% em março.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 23,1% ao ano em fevereiro para 22,7% ao ano em março. Em março de 2019, estava em 25,0%.

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) caiu 0,2 ponto porcentual em março ante fevereiro, aos 20,1% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.