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Guedes defende redução de reservas internacionais para diminuir dívida bruta

Eduardo Rodrigues e Thaís Barcellos

Brasília

29/04/2020 10h15

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu nesta quarta-feira, 29, a venda de parte das reservas internacionais para reduzir o tamanho da dívida bruta em proporção do Produto Interno Bruto (PIB). "Foi isso que fizemos no ano passado. E o Banco Central pode fazer mais um pouco", afirmou, em videoconferência com lideranças do setor varejista.

Ele lembrou ainda que cada 1 ponto porcentual de redução da taxa básica Selic significa uma economia de R$ 80 bilhões na conta de juros por ano. "Disseram que só iríamos reduzir dívida em 2022 e reduzimos no primeiro ano. Já baixamos R$ 120 bilhões em dívida, por enquanto", completou.

O ministro relatou que teve nesta semana uma reunião sobre privatizações com outros ministros. Segundo ele, o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, Salim Mattar, mostrou que o Brasil tem ativos imobiliários que somam mais de R$ 1 trilhão, além de R$ 900 bilhões em empresas estatais. "Ou seja, temos uma dívida de R$ 4 trilhões e quase R$ 2 trilhões em ativos. Se acelerarmos as privatizações e a venda de imóveis, também podemos reduzir a dívida", concluiu.

Pró-Brasil

Guedes destacou também os efeitos imediatos no mercado de capitais que os ruídos em torno do lançamento do programa Pró-Brasil causaram na semana passada. Anunciado pela Casa Civil, o programa prevê investimentos públicos de até R$ 50 bilhões em infraestrutura até 2022.

"Quando pareceu que Brasil ia fugir pra gastança, juros subiram e a bolsa caiu. Em dois ou três dias, destruímos R$ 250 bilhões em valor de mercado das empresas. Todo o recurso que o ministro Tarcísio precisa para investimentos evapora em minutos. Quando mostramos o compromisso fiscal, esses recursos voltam. E quando juros caem, o País economiza bilhões no pagamento da dívida", afirmou, o ministro.

Juros baixos e câmbio mais alto

Guedes voltou a dizer que o panorama atual da economia brasileira é de juros baixos e câmbio mais alto - o que, segundo ele, ajuda a indústria. "Estamos com juros baixíssimos e podem cair mais", completou.

Competição

O ministro da Economia defendeu ainda que haja maior competição "no andar de cima" da economia, citando grandes bancos e empreiteiras. "Queremos ganhos de produtividade, com livre mercado, para aumentar os salários. Isso que vai dar segurança para os trabalhadores. Não queremos dar chuveirinho de dinheiro, como fizemos com o FGTS", afirmou.

Para Guedes, não faltam dinheiro, trabalhadores e recursos naturais no mundo. "São trilhões de dólares sendo mal remunerados, boa parte a juros negativos. O que faltam são empreendedores. Às vezes existem fortunas feitas em Brasília, com pedidos de favores oficiais. Os empresários precisam criar produtos e empregos, e ajudar a criar um mercado de massa", acrescentou.

Segundo o ministro, os empresários também têm de adotar medidas extraordinárias por causa da pandemia de covid-19. "Precisamos de vocês empresários fazendo testes semanais nos funcionários. Não estou defendendo que voltem todos ao trabalho, mas que isso seja feito com segurança", completou.

Guedes voltou a chamar a opinião pública de "quarto poder". "A mídia é a melhor ferramenta para auxiliar democracia, as opiniões ajudam Congresso, onde tem muita gente querendo aprovar reformas para ajudar o Brasil. O quarto poder é a opinião pública, essa é a força da democracia. O povo que tem que dizer o que o governo deve fazer", concluiu.