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Fed/George: volta da covid e novas medidas restritivas podem prejudicar retomada

Gabriel Bueno da Costa, Francine De Lorenzo e Matheus Andrade

São Paulo

08/10/2020 13h12

Presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Kansas City, Esther George afirmou nesta quinta-feira que a trajetória da economia depende "de modo significativo" do rumo da covid-19. "Um ressurgimento do vírus e a nova imposição de medidas de controle provavelmente tirariam a recuperação dos trilhos", comentou, durante discurso em conferência virtual da Universidade do Estado de Wichita.

Atualmente sem direito a voto nas decisões de política monetária, Esther George notou que a economia não deve se recuperar totalmente enquanto o vírus influenciar as tomadas de decisões cotidianas. "Isso parece no fim das contas depender da confiança de que o vírus será gerenciado de maneira efetiva, como com uma vacina", afirmou.

Na avaliação de Esther George, a recuperação tem ocorrido com "rapidez encorajadora", mas ainda temos "riscos substanciais à perspectiva". "Ainda não estamos fora de perigo", alertou. A dirigente disse que, após problemas nos mercados financeiros em março, o Fed começou a comprar "grandes quantidades" de Treasuries e outros papéis, o que segundo ela se mostrou eficaz para acalmar os mercados financeiros, mesmo diante do peso grande da pandemia na economia real.

A Presidente do Fed de Kansas City também disse que, caso a pandemia da covid-19 provoque uma "recessão mais prolongada", isso se traduziria em uma queda nos preços que "poderia ser mais pronunciada", com política monetária acomodatícia por mais tempo nos Estados Unidos. Por outro lado, boas notícias no combate ao vírus e na normalização do quadro poderiam levar "rapidamente" a inflação acima da meta de 2%, considerou. De qualquer modo, ela reafirmou o apoio do Fed à recuperação e disse que os riscos adiante "não podem ser subestimados".