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Rede colombiana quer ser fast-food do prato feito

Fachada da rede colombiana de restaurantes Muy - Reprodução/Instagram/@muyrestaurantecol
Fachada da rede colombiana de restaurantes Muy Imagem: Reprodução/Instagram/@muyrestaurantecol

Márcia De Chiara

14/10/2020 07h12

Em meio à pandemia que provocou uma forte crise no setor de bares e restaurantes, a startup colombiana de alimentação Muy quer disputar o mercado do prato feito, o popular PF, e de comida por quilo no Brasil.

Na segunda quinzena do mês, abre a primeira cozinha no país. Instalada na região central da capital paulista, vai produzir pratos feitos vendidos pelo sistema de delivery por R$ 15.

"Vamos iniciar com delivery para começar a entender o mercado. Depois vamos expandir de forma mais agressiva", diz Jose Guillermo Calderón, cofundador e presidente da startup, com 50 restaurantes espalhados na Colômbia e no México.

A empresa conta com recursos de fundos de risco (venture capital) dos EUA e da Espanha para bancar a expansão. A rede encerrou o primeiro semestre com vendas de US$ 4 milhões, desempenho que foi afetado pelo fechamento de lojas por causa das medidas de isolamento social nos dois países em que atua.

A depender do desenrolar da pandemia, o plano da startup para 2021 é ter entre 20 e 30 restaurantes e cozinhas que preparam pratos para delivery na cidade de São Paulo, nas regiões das avenidas Paulista e Faria Lima. Nessa primeira rodada, serão investidos US$ 5 milhões e abertos 300 postos de trabalho.

Inicialmente a empresa vai operar com as entregas feitas por meio do aplicativo iFood. Depois terá também logística própria.

Para 2022, a intenção é chegar na cidade do Rio de Janeiro e em Porto Alegre. A meta é ter até 2025 cerca de mil restaurantes e abrir 10 mil postos de trabalho, com investimentos de US$ 150 milhões.

O fechamento em massa de restaurantes e bares por causa da pandemia não fez Calderón desistir de vir para o país. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, 30% de 1 milhão de estabelecimentos encerraram as atividades no país.

O que atrai a companhia é o potencial do mercado. O Brasil responde por 50% das vendas de fast-food na América Latina, que giram US$ 280 bilhões por ano e devem atingir US$ 308 bilhões em 2025.

Além disso, a consolidação é muito baixa. As dez maiores redes de fast-food respondem por 6% do mercado nacional. Se forem incluídas as demais, essa fatia pode chegar a 15%.

"O restante é um mercado informal, que não tem grandes processos de tecnologia. É esse segmento que nós queremos atacar, com um restaurante por quilo mais eficiente."

Cardápio

A entrada no país ocorre após estudos sobre o cardápio local, voltado para a classe média. "Vamos oferecer um PF saudável por um bom preço", diz Calderón, que encontrou PFs sendo vendidos por R$ 13 no mercado informal. Ao todo, serão sete pratos, entre os quais estão feijão com arroz, feijoada, por exemplo. Também será possível montar o prato.

Para Cristina Souza, presidente da Gouvêa Foodservice, a investida da rede faz sentido, especialmente num momento em que houve quebradeira nos restaurantes por quilo.

"Eles devem ter um bom espaço, sim." Ela destaca também que o valor, de R$ 15, é atraente. Ela diz que começar atuando pela região central da cidade de São Paulo e com uma estratégia digital forte são pontos adequados.

No entanto, a especialista alerta que a vida dessa nova companhia pode não ser tão fácil. Isso porque outras empresas que já atuam com rede de restaurantes também estão com o foco em refeições de baixo custo. "Eles não vão encontrar um oceano vermelho, mas não será totalmente azul. Há competidores se movimentando."

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".