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Reino Unido deve ter contração de 10,4%, com riscos por covid e Brexit, diz FMI

Gabriel Bueno da Costa

São Paulo

29/10/2020 13h10

O Fundo Monetário Internacional (FMI) projetou nesta quinta-feira, 29, que a economia do Reino Unido sofrerá contração de 10,4% em 2020, com recuperação "parcial" em 2021, quando deverá crescer 5,7%. Nos dois casos houve revisão em baixa, em comparação com a mais recente projeção do Relatório Perspectiva Mundial: mais cedo neste mês, o FMI havia projetado recuo de 9,8% do PIB neste ano e avanço de 5,9% em 2021.

O FMI soltou as projeções em comunicado no qual o staff da entidade cita suas conclusões preliminares ao fim de uma missão oficial ao país, no âmbito do Artigo IV do Fundo. Para a equipe, as projeções atuais estão sujeitas a "uma alta incerteza, não usual, com riscos de baixa relacionados ao prolongado impacto da covid-19 e de um Brexit sem acordo". Caso os piores cenários se confirmem, o FMI vê risco de desemprego mais persistente e estresse sobre os balanços corporativos.

Nesse contexto, o staff do FMI diz que a política monetária deve ser relaxada, diante de "risco considerável de que a inflação projetada fique abaixo da meta". Um compromisso com mais compras de bônus do governo ao longo dos próximos 12 meses seria eficaz para essa finalidade, argumenta. "Outros instrumentos, como taxas de juros negativas, poderiam ser usados de modo incremental quando necessário, e isso será importante para completar uma avaliação sobre como o impacto líquido de tal abordagem poderia ser maximizada", afirma o FMI.

O Reino Unido passava por uma reação econômica inicial forte, após o auge do choque da covid-19, mas isso é agora ameaçado por uma segunda onda da doença, pela incerteza com as negociações com a União Europeia, o crescente desemprego e o estresse já existente sobre os balanços corporativos, adverte o FMI. Nese contexto, o Fundo insiste também na necessidade de manutenção do apoio político. "A política fiscal deve continuar a acomodar os custos dos programas ora em vigor, para proteger trabalhadores e empresas diretamente afetados pela pandemia", ressalta. "Há espaço para relaxar a política monetária no curto prazo", insiste também.

Para o FMI, o fortalecimento do crescimento dependerá de um impulso fiscal adicional. "Há um argumento para gastar mais, se a eficácia projetada puder ser preservada em uma escala mais alta", recomenda, com a consolidação fiscal como tarefa necessária, mas já quando começar uma recuperação durável. "Ela deve ser gradual, preservando o investimento e uma rede de seguridade social forte", recomenda.

O FMI ainda pede que Londres e Bruxelas façam um esforço por um acordo comercial e finalizem os preparativos para sua implementação.