Com foco em casa compartilhada, startup Yuca levanta fundo imobiliário
Ao contrário de outras startups de locação, como o unicórnio QuintoAndar, a Yuca parte de um modelo mais centralizado de aluguel residencial, colocando diversos serviços num único boleto. Além de aluguel, condomínio e IPTU, a empresa também oferece os móveis do apartamento, Wi-Fi, limpeza semanal e serviços de manutenção em um pacote só. A solução serve tanto para apartamentos individuais quanto para residências compartilhadas - neste segundo caso, a empresa capta imóveis de dois, três ou mais quartos e aluga-os por cômodo.
"Hoje, muitos jovens querem morar em São Paulo em áreas que só tem imóveis de tamanho maior. Há um desequilíbrio", explica Rafael Steinbruch, cofundador e líder da área imobiliária da empresa. Ele é sobrinho de Benjamin Steinbruch, do Grupo Vicunha e da CSN.
Lógica de morar
Além de Steinbruch, a Yuca também tem outros dois sócios. Um deles é Eduardo Brennand de Campos, parte da família que controla o Grupo Brennand, com atuação em áreas como energia e cimento. Ele também fundou da startup Parafuzo, um Uber de faxinas, e é investidor de empresas como Rappi, Loggi e Gympass. Outro é Paulo Bichucher, ex-Pátria Investimentos. Apesar dos sobrenomes, os executivos garantem que as famílias não investem nem atuam na Yuca.
Segundo o trio, o preço médio de um quarto compartilhado em um imóvel da Yuca em São Paulo fica na casa de R$ 2,5 mil - a meta da empresa, que atua em bairros como Jardins, Pinheiros e Paraíso, é reduzir esse valor com o tempo, aumentando a quantidade de imóveis disponíveis e também o número de regiões em que atua. Hoje, a empresa tem 250 unidades - a maioria são quartos, mas também há casas individuais. Até o fim do ano, serão 400 unidades. Ao ter o controle de um apartamento, a empresa faz reformas e adapta o imóvel para a demanda do mercado - segundo a Yuca, o custo médio do metro quadrado que assume é de R$ 6 mil.
"Muitos apartamentos têm desenhos antigos, incluindo quarto de serviço. É algo que hoje não faz sentido", diz Steinbruch. Além da aquisição, a empresa também capta imóveis com investidores institucionais, que buscam administradores para os ativos.
"Queremos inverter a lógica de morar, indo a partir da demanda e não da oferta", afirma Steinbruch. Segundo ele, o fundo permitirá à empresa expandir seu radar. Hoje, a startup já mira bairros paulistanos como República, Sé, Luz e Bom Retiro - recentemente, começou a oferecer apartamentos no edifício Mirante do Vale, no Anhangabaú.
Para Alberto Ajzental, professor da FGV e especialista em mercado imobiliário, a proposta da Yuca faz sentido - e leva ao mundo residencial uma tendência que os coworkings já tinham posto no mundo dos escritórios. "Em vez de uma laje corporativa, eles dividem apartamentos entre pessoas: quem aluga pode morar num bom bairro, enquanto eles conseguem cobrar uma margem maior do que no aluguel individual", afirma. O especialista alerta, porém, que a convivência entre desconhecidos sob um mesmo teto pode trazer riscos à operação.
Dinheiro no bolso
Usar fundos imobiliários para financiar a expansão não é uma tática inédita entre as startups - nomes como Housi e Loft também lançaram mão da tática. "É melhor do que pegar um empréstimo e pagar juros", diz Ajzental.
Segundo Steinbruch, a intenção é seguir utilizando fundos imobiliários. A empresa planeja aumentar a captação de forma restrita no início de 2021 e, até o final do ano que vem, fazer a distribuição pública do fundo, abrindo espaço para qualquer investidor comprar cotas em torno dos R$ 100. A Yuca também deve captar investimentos no início de 2021, após ter levantado US$ 6 milhões em rodada liderada pelo Monashees.
Os valores serão usados para expansão da infraestrutura da startup, que hoje tem 70 pessoas. Em seis meses, a meta é duplicar a equipe. Novas cidades, porém, estão longe dos planos - segundo os sócios, ainda há muito o que explorar em São Paulo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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