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BCE: Lane alerta para 2º trimestre 'difícil e longo' com novos de casos de covid

Eduardo Gayer

São Paulo

23/03/2021 08h57

O novo aumento de casos de covid-19 na Europa - que leva especialistas a cogitarem uma terceira onda da doença - pode resultar em um segundo trimestre "difícil" e "longo" na zona do euro, alerta o economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane. Para além do impacto sanitário, o aperto de restrições para conter a pandemia volta a assombrar economistas. "A notícia preocupante é que o número de casos de vírus continua alto e está aumentando", afirmou o dirigente, em entrevista à emissora americana CNBC.

Lane, no entanto, garantiu que o BCE fará a sua parte no suporte à economia nesta possível terceira onda do novo coronavírus, relembrando a decisão da autoridade de acelerar as compras de ativos para ampliar a liquidez no sistema financeiro. A novidade foi anunciada na mais recente decisão de política monetária da instituição, em 11 de março. "Aumento substancial no ritmo de compras é o nosso compromisso", destacou o entrevistado. "Temos uma projeção de inflação que continua bastante baixa. Nesse contexto, gostaríamos de ver taxas de juros bastante reduzidas em vigor", acrescentou.

A possibilidade de se tolerar uma inflação acima da meta por um tempo, em linha com a nova postura do Fed, como forma de compensar o período em que o aumento de preços rodou abaixo disso foi chamada por Lane de "debate interessante". A adoção dessa ferramenta vem sendo discutida por dirigentes do BCE no processo de revisão de estratégias de política monetária, que deve ser concluído ainda neste ano e lançar novas diretrizes para a autoridade.

Lane também defendeu, durante a entrevista, a compra de ativos europeus. "O estoque de ativos seguros na Europa está subindo por causa da queda nos prêmios de risco para muitos títulos públicos na zona do euro", afirmou, neste contexto de escalada da curva de juros americana por perspectivas de aumento na inflação.

O economista-chefe do BCE ainda elogiou o pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão formatado pelo governo Joe Biden e aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos, e argumentou que haverá uma repercussão positiva do estímulo na zona do euro. "Vai impulsionar o Produto Interno Bruto (PIB) global e as nossas exportações", destacou.