Federações sindicais de petroleiros convocam para 'lockdown' para quarta-feira
"Além de fortalecer as greves regionais que a categoria petroleira vem realizando desde o dia 5 de março, a mobilização será mais uma forma de denunciar a irresponsabilidade do governo federal, que levou o País ao pior colapso sanitário e hospitalar de sua história", disse a FUP em nota nesta terça-feira.
A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) também confirmou que vai aderir ao movimento.
Desde o início de março, segundo a FUP, quatro bases da entidade (Bahia, Amazonas, Espírito Santo e Unificado de São Paulo) estão em greve e ganharam na segunda-feira, 22, o reforço dos trabalhadores de Minas Gerais, que iniciaram por tempo indeterminado uma greve sanitária.
Segundo a FUP, houve 70% de adesão na greve da Regap, uma das oito refinarias que a Petrobras precisa vender este ano, de acordo com o Termo de Cessação de Conduta assinado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
"Seguindo as orientações do Sindipetro MG, trabalhadores próprios e terceirizados, não compareceram à Regap (Refinaria Gabriel Passos), onde mais de 200 companheiros já foram infectados pela Covid-19. Atualmente, 12 trabalhadores da refinaria estão internados em decorrência da Covid e três deles estão em unidades de tratamento intensivo, intubados", informou a FUP.
Conforme a Petrobras, desde maio de 2020 são aplicados testes rápidos em todos os colaboradores da Regap, como triagem para evitar a contaminação dentro das instalações da unidade, além de outras medidas sanitárias para evitar a contaminação. A empresa não confirmou a paralisação na unidade.
"Todos os colaboradores (da Regap) passam por avaliação de saúde, com medição de temperatura, diariamente, na entrada da refinaria. Foi adotado o turno de 12 horas, diminuindo o rodízio de pessoas na refinaria. Foram reforçadas as medidas de higiene e distanciamento, além do uso obrigatório de máscaras", informou a estatal, afirmando que a refinaria contratou agentes que fiscalizam diariamente o cumprimento dessas medidas durante a parada para manutenção.
Surto na P-38
Também há uma grande preocupação dos sindicatos nas unidades offshore das petroleiras. O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), filiado à FUP, entrou com requerimento no Ministério Público do Trabalho (MPT) para que a Petrobras seja notificada e preste esclarecimentos sobre o avanço da covid-19 em unidades de exploração e produção da empresa.
As últimas denúncias recebidas pela FUP de casos de contaminação em unidades offshore envolvem a plataforma P-38, que está operando parcialmente por causa da contaminação, P-43, P-63, P-25 e P-35, todas na bacia de Campos.
O caso mais recente, segundo a FUP, é um surto na P-38, no campo de Marlim Sul, também na bacia de Campos. A Petrobras confirmou a contaminação e informou que todos os colaboradores com resultado de teste positivo foram desembarcados da plataforma P-38.
"Todos os contactantes de bordo, mesmo que com teste negativo, também foram desembarcados. Todos esses ficarão em isolamento e sendo monitorados pela equipe médica da Petrobras. O serviço de desinfecção da plataforma está em andamento", informou a estatal em nota.
De acordo com a Petrobras, os protocolos sanitários de prevenção ao Covid estão sendo intensificados, com medidas adicionais de limpeza, higienização e distanciamento na P-38. Novos integrantes já assumiram as funções essenciais do contingente desembarcado, assegurando o atendimento aos requisitos legais e a segurança da unidade.
"As plataformas P-40 e P-56 tiveram sua produção reduzida, porém já voltaram a operar normalmente. A P-38 é uma unidade do tipo FSO, sigla em inglês para a unidade flutuante que estoca e transfere o óleo produzido por outras unidades, portanto não tem produção própria", explicou a Petrobras, afirmando que as medidas da companhia estão "entre as mais rigorosas no segmento de petróleo". A empresa não comentou sobre as outras plataformas denunciadas pela FUP.
Em apenas um dia na semana passada, foram confirmados 83 novos casos em atividades offshore do País (Petrobras e outras operadoras), segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Do total de 67 plataformas de petróleo em operação no país, 56 são da Petrobrás (83%). O recorde, segundo dados da agência, foi no dia 26 de dezembro do ano passado, quando 108 pessoas foram contaminadas em plataformas offshore.
De acordo com o Boletim de Monitoramento do Covid-19 do Ministério de Minas e Energia (MME) da segunda-feira, na Petrobras, já foram registrados 5.684 casos de contaminação, com 17 óbitos, ou cerca de 12,2% do total de empregados da estatal (46.416).
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