América Latina pode ter onda de novos 'unicórnios' com liquidez
Hoje, as ofertas de Spacs estão concentradas nos Estados Unidos. No entanto, diante do crescimento, o assunto já chegou aos reguladores brasileiros, que estão, com a Bolsa brasileira, analisando o assunto, apurou o Estadão. Localmente, a empresa, para se listar precisa ter o balanço auditado, por exemplo, algo que não é possível dentro de uma empresa "vazia" e que ainda vai às compras.
Enquanto isso, o ritmo de ofertas que têm o País como alvo está crescendo. A Itiquira Acquisition, comandada por Paulo Gouvêa, ex-sócio da EBX e da XP, levantou neste ano US$ 200 milhões na Bolsa americana Nasdaq para comprar uma empresa no Brasil. Segundo Gouvêa, a alta demanda dos investidores estrangeiros pelo seu Spac teve o suporte de histórias de empresas muito bem-sucedidas na Nasdaq, caso da XP s e a empresa de meios de pagamento Stone. "O Brasil tem histórias fantásticas de sucesso por lá", comenta.
Já a Alpha Capital, cujo alvo é uma empresa de tecnologia na América Latina tem por trás os argentinos, Alec Oxenford e Rafael Steinhauser, velhos conhecidos no setor de tecnologia. Eles levantaram US$ 230 milhões em um Spac também neste ano. Oxenford foi um dos fundadores da Arremate.com e da OLX, ao passo que Steinhauser possui 35 anos de experiência corporativa no setor e foi presidente da Qualcomm Latin America.
Oxenford afirma que os Spacs na América Latina cumprirão um papel muito importante de fechar um ciclo de investimento para empresas de tecnologia. Isso porque, segundo ele, empresas menores estão sendo irrigadas pelos ventures capital, mas ainda existe uma lacuna de investimento depois que a empresa ganha porte e precisa de uma nova rodada de aportes.
"Existem mais de 20 mil empresas de tecnologia na região e grande parte surgiu nos últimos três a quatro anos", afirma, lembrando que em 2020 as empresas do setor viveram um grande boom de crescimento com a pandemia. "Acho que estamos diante de uma verdadeira evolução acontecendo no Brasil. É um ciclo virtuoso de crescimento do setor", diz Steinhauser.
O responsável pela área de tecnologia na América Latina, do time do banco de investimento do Bank of America, Pedro Pereira, aponta que, pelos investidores ainda desconhecerem qual a empresa que vai de fato abrir capital, as reuniões antes da oferta giram basicamente em torno da "persona" desse gestor. "O investidor quer entender a capacidade desse gestor de conseguir uma alocação em um ativo premium, a capacidade de convencer a empresa alvo do investimento e ainda gerar valor", explica.
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