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Pedro Parente diz que ministro de Minas e Energia tem diagnóstico correto da crise hídrica

Pedro Parente - Pilar Olivvares/Reuters
Pedro Parente Imagem: Pilar Olivvares/Reuters

Denise Luna

Rio

31/05/2021 21h06Atualizada em 01/06/2021 10h52

O ex-ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso e responsável pela condução do "Ministério do Apagão", Pedro Parente, avaliou hoje que o diagnóstico do governo em relação à atual crise hídrica está correto, mas será preciso atenção à hidrologia nos próximos meses.

Em curta mensagem após encontro com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, Parente - hoje presidente do Conselho da BRF -, afirmou que não tem acompanhado o setor elétrico de perto, mas que considerou correta a avaliação feita pelo ministro.

"A hidrologia será um fator decisivo nos próximos meses, especialmente até novembro. O time do ministro Bento Albuquerque tem um diagnóstico correto da seriedade do momento e tem traçadas medidas para enfrentar o cenário", disse em nota.

Parente deixou a Casa Civil durante o governo Fernando Henrique para assumir o "Ministério do Apagão", como ficou conhecido o grupo que tirou do Ministério de Minas e Energia, na época, o poder de decisões para administrar a crise hídrica, que levou o País a apagões sistemáticos entre 2001 e 2002, e ao aumento das contas de luz para inibir a demanda.

O encontro de Parede e Albuquerque acendeu ainda mais as suspeitas de que está havendo um agravamento da crise hídrica, apesar do governo afastar o risco de racionamento. Os reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste estão a cada dia mais baixos, perdendo praticamente 0,1 ponto porcentual de água por dia nas últimas semanas.

Ontem, a medição do ONS (Operador Nacional do Sistema) indicava 32,2% do nível total, contra 32,5% há cinco dias, e ante 55% há um ano. O subsistema representa 70% da geração hídrica do país.

Agora, com a maior crise hídrica em 91 anos, e os reservatórios das hidrelétricas, principalmente no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, abaixo do previsto, o governo vem adotando uma série de medidas para evitar um possível racionamento de energia elétrica no país.

O primeiro passo foi o acionamento de usinas termelétricas para compensar a redução da geração de energia das usinas hidrelétricas, o que encarece a conta de luz e fez a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acionar a bandeira vermelha patamar 2 em junho, adicionado R$ 6,243 para cada 100 kWh consumidos.

Mais medidas estão previstas, como acordos com indústrias para redução da produção nos horários de pico e importação de energia da Argentina e Uruguai, além de outras que estariam sendo planejadas. O maior problema, avaliam especialistas, seria a confirmação de um crescimento econômico no segundo semestre, período em que se prevê maior aperto no abastecimento de energia. A importação de países vizinhos também é dúvida, já que começa o inverno nesses países e aumenta a demanda por gás para aquecimento.

As hidrelétricas brasileiras estão sendo afetadas há anos pelas mudanças climáticas, que reduziram as chuvas e, por consequência, a preservação do nível dos reservatórios. O uso de térmicas ajuda a poupar a água acumulada, mas sem chuva tendem a chegar muito vazios no final do período seco, em novembro.

Ao contrário do racionamento de 2001, porém, o Brasil hoje conta com maior diversidade de fontes (eólica, solar, biomassa) e interligação por quase todo o país, o que facilita o uso de energia de regiões que estão com reservatórios mais abastecidos, como Sul e Norte, para suprir os estados das regiões Sudeste e Centro-Oeste.