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MPT notifica presidente da Caixa por fazer funcionários pagarem flexões

A Procuradoria recebeu denúncia relatando que o presidente da Caixa "imita o presidente Jair Bolsonaro" ao colocar funcionários para pagarem flexões - Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo
A Procuradoria recebeu denúncia relatando que o presidente da Caixa 'imita o presidente Jair Bolsonaro' ao colocar funcionários para pagarem flexões Imagem: Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo

Pepita Ortega

São Paulo

17/12/2021 15h05

O Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal notificou o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, sobre o episódio em que fez funcionários 'pagarem flexões' durante evento de fim de ano realizado em Atibaia na terça-feira, 14. A Procuradoria recomenda que o presidente do banco se abstenha de submeter os colaboradores a episódios de mesmo teor e outras 'situações de constrangimento no trabalho' sob pena de abertura de um procedimento investigatório e adoção de medidas para correção da conduta, sem embargo de responsabilizações civil, criminal e administrativa'.

O documento é assinado pelo procurador Paulo Neto, titular do 14º Ofício, e datado desta quinta-feira, 16. Segundo a recomendação, a Procuradoria recebeu denúncia relatando que o presidente da Caixa 'imita o presidente Jair Bolsonaro' ao colocar funcionários para pagarem flexões.

A denúncia indicou que 'gestores denunciaram ainda que foram obrigados a fazer performances similares, numa demonstração feita para um militar que deu palestra para os participantes do encontro presencial'. Segundo a Procuradoria, tal indicação pode demonstrar 'reiteração da conduta'.

A recomendação tem como base referências e definições sobre assédio moral. O texto destaca que ele consiste em violência psicológica, tendo o 'condão de produzir graves consequências à saúde mental dos trabalhadores'.

Além disso, o documento ressalta que, constituem assédio moral 'os atos e comunicações que traduzem um contínuo e ostensivo constrangimento à classe trabalhadora, passíveis de acarretar danos a ordem física, psíquica, moral e existencial ao trabalhador, em prejuízo de perspectivas profissionais ou da continuidade da relação de trabalho'.

Paulo Neto também chama atenção para o fato de que o Tribunal Superior do Trabalho já reconheceu como 'abusiva e reprovável' a conduta do empregador de determinar que um funcionário faça flexões de braço.

Como mostrou o Estadão, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região considera que o episódio ocorrido em Atibaia pode configurar assédio moral e estuda entrar com ação judicial coletiva contra a direção da Caixa em razão do mesmo.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram funcionários fazendo os exercícios enquanto Guimarães faz a contagem regressiva ao microfone no palco. O evento, de nome 'Nação Caixa' contou com a presença de gerentes, superintendentes e funcionários de alto escalão da companhia. Na ocasião, houve ainda uma palestra do coronel da reserva e assessor do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Adriano de Souza Azevedo.