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Projeção para o IPCA de 2022 sobe a 5,91%, de 5,88%, aponta Focus

Índice de inflação subiu pela segunda semana seguida
Imagem: Índice de inflação subiu pela segunda semana seguida

Thaís Barcellos

Brasília

28/11/2022 09h21

Em meio às discussões do governo eleito sobre aumento de gastos no ano que vem, a expectativa para a alta do IPCA - índice de inflação oficial - de 2023 subiu pela segunda semana seguida, ainda que marginalmente, segundo o Boletim Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 28. A projeção para este ano também continuou em alta, enquanto a mediana para 2024 ficou estável pela quinta semana seguida.

A projeção para 2022 avançou de 5,88% para 5,91%, contra 5,61% há um mês. A previsão para 2023 subiu de 5,01% para 5,02%. Para 2024, a mediana permaneceu em 3,50%. Há quatro semanas, as estimativas eram de 4,94% e 3,50%, nessa ordem.

Considerando somente as 47 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2022 passou de 5,89% para 5,93%. Para 2023, variou de 5,01% para 5,00%.

As medianas na Focus para a inflação oficial em 2022 e 2023 estão acima do teto da meta para esses horizontes (de 5,0% e 4,75%, nessa ordem), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central. Para 2024, a projeção do mercado está acima do alvo central de 3,00%, mas aquém do limite superior de 4,50%.

Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e de 2024. Mas o BC tem dado ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, atualmente o segundo trimestre de 2024.

Na Focus, a previsão para 2025 permaneceu em 3,00%, porcentual igual ao de 72 semanas atrás. A meta para o ano é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%.

No Comitê de Política Monetária (Copom) de outubro, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 5,8% em 2022, 4,8% em 2023 e 2,9% para 2024. O colegiado manteve a Selic em 13,75% ao ano pela segunda vez seguida.

Projeção de alta do PIB de 2022 passa de 2,80% para 2,81%

O boletim mostrou nova alta no cenário de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, ainda que marginal, mas estabilidade na projeção para 2023. A mediana para o crescimento do PIB em 2022 subiu de 2,80% para 2,81% contra 2,76% há um mês. Já a estimativa para a expansão do PIB em 2023 continuou em 0,70% ante 0,64% um mês antes.

Considerando apenas as 26 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2022 passou de 2,81% para 2,78%. No caso de 2023, houve 26 atualizações nos últimos cinco dias úteis, com variação da mediana de 0,70% para 0,74%.

O Relatório Focus ainda mostrou manutenção na projeção para o crescimento do PIB em 2024, em 1,70%. Para 2025, a mediana foi mantida em 2,00%. Quatro semanas atrás, as taxas eram de 1,80% e 2,00%, nessa ordem.

Os economistas do mercado financeiro aumentaram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos em 2022, conforme o Boletim Focus. A mediana deficitária passou de US$ 42,70 bilhões para US$ 44,07 bilhões, contra US$ 37,84 bilhões de um mês atrás.

Já para 2023, a projeção para o rombo em transações correntes passou de US$ 39,45 bilhões para US$ 39,75 bilhões. Há um mês, a expectativa era deficitária em US$ 32,34 bilhões.

A estimativa para o superávit da balança comercial em 2022 continuou em US$ 55,00 bilhões, contra US$ 56,15 bilhões de um mês atrás. Para 2023, a projeção não sofreu mudanças e permaneceu em US$ 56,00 bilhões, mesmo valor esperado há quatro semanas.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes nesses anos. A mediana das previsões para o IDP em 2022 permaneceu em US$ 80,00 bilhões, ante US$ 74,21 bilhões de um mês atrás. Para 2023, ficou em US$ 75,00 bilhões, de US$ 71,00 bilhões há quatro semanas.

Câmbio para 2022 sobe de R$ 5,25 para R$ 5,27

O cenário da moeda norte-americana em 2022 e 2023 voltou a piorar, repercutindo as perdas cambiais das últimas semanas e as incertezas fiscais. A estimativa para o câmbio este ano passou de R$ 5,25 para R$ 5,27, enquanto, para 2023, a variação foi de R$ 5,24 para R$ 5,25. Há um mês, as medianas eram de R$ 5,20. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

Selic 2024 sobe a 8,25%, de 8,00%, enquanto a de 2022 e 2023 é mantida

O mercado financeiro manteve as projeções para a taxa Selic no fim de 2022 e 2023, mas elevou a estimativa para o término de 2024 em meio aos temores com a expansão fiscal planejada pelo governo eleito a partir do ano que vem.

Para o fim deste ano, o mercado ainda espera 13,75% ao ano (pela 23ª semana), com expectativa de nova manutenção na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de dezembro. No final de 2023, a estimativa foi mantida em 11,50%, de 11,25% há quatro semanas. Mas, para 2024, houve avanço de 8,00% para 8,25%, contra 8,00% um mês antes.

Considerando apenas as 37 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para o juro básico no fim deste ano também seguiu em 13,75%. Mas, para o término de 2023, houve nova alta, de 11,50% para 11,75%, com as 36 alterações realizadas na semana passada.

No Copom de outubro, o BC manteve pela segunda reunião consecutiva a taxa Selic em 13,75% ao ano. A autoridade monetária ainda voltou a indicar a estabilidade da Selic nesse patamar por "período suficientemente prolongado". Mas também manteve o alerta de que, caso a desinflação não ocorra como o esperado, os juros podem voltar a subir.

O ciclo da Selic voltou à discussão devido aos planos de aumento de gastos do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na curva de juros, já há uma precificação de alta e, em eventos recentes, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que, se houver percepção de que o fiscal vai atrapalhar a convergência da inflação, a autoridade monetária vai reagir. No questionário pré-Copom de dezembro, o BC perguntou aos analistas se consideram gastos além do teto em 2023 e 2024.

Os dois anos fazem parte do horizonte relevante de política monetária com o mesmo peso atualmente. Mas o BC tem dado ênfase ao horizonte seis trimestres à frente, atualmente o segundo trimestre de 2024.

Conforme o Boletim Focus, a previsão para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 8,00%, contra 7,75% de quatro semanas antes.