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Haddad diz esperar poder combinar política fiscal e monetária para País crescer

São Paulo

14/12/2022 15h32

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira, 14, que espera poder combinar a política fiscal e monetária para fazer com que o País cresça. Em entrevista à Globonews, ele acrescentou que Luiz Inácio Lula da Silva será o primeiro presidente eleito que não nomeará um presidente do Banco Central no início do seu mandato, devido à aprovação da lei que assegura autonomia formal para a autarquia.

Apesar desse quadro, Haddad lembrou que teve um almoço "muito proveitoso" na terça-feira com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, para conversar sobre a relação entre a Fazenda e a autoridade monetária.

Mais cedo, o futuro ministro afirmou que o ideal seria conseguir levar a taxa Selic ao nível de um dígito para que o País possa "deslanchar", mas notou que isso depende tanto da sua pasta quanto da autoridade monetária.

Equipe

A equipe que vai integrar o Ministério da Fazenda deve estar "100%" definida ou "quase" na próxima semana, conforme disse Haddad, em entrevista à GloboNews. "Estou quase 100% dedicado a montar equipe da Fazenda e a negociações para PEC da Transição. Na semana que vem, se não estiver com equipe 100% concluída, estarei quase", afirmou.

Dizendo que gosta de trabalhar com profissionais experientes e com currículo forte, Haddad disse que os economistas Persio Arida e André Lara Resende podem compor o Conselho do Ministério da Fazenda. "Eles dão o melhor de si, porque torcem pelo País", disse.

Haddad destacou também que criará uma espécie de conselho, com o qual se reunirá periodicamente. "Tenho minhas opiniões e minha maneira de ver a economia, mas gosto de ouvir muito. Gostaria muito de manter a interlocução com ex-ministros ou ex-presidentes do BC."

Ele afirmou que não vê "como petistas" o futuro secretário executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, ou Bernard Appy, que ocupará uma secretaria especial para a reforma tributária. "De jeito nenhum", enfatizou.

Lembrou que Galípolo ajudou na campanha, assim como Persio Arida, no segundo turno. Questionado se o economista e secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, Felipe Salto, fará parte da pasta, o futuro ministro não respondeu.

Tentando demonstrar abertura ao diálogo com economistas e políticos de partidos variados, Haddad lembrou que trabalhou com "vários tucanos" no ministério da Educação.

Experiência na área econômica

O futuro ministro da Fazenda citou também em entrevista à GloboNews vários episódios em que atuou na área da Economia. "Não fiz da economia minha profissão, mas tenho formação em Economia. Passei sete anos no MEC (Ministério da Educação). Você nunca ouviu falar de um centavo que não tenha ido ao seu destino", enfatizou.

Neste sentido, Haddad disse também que foi autor da lei das PPPs (Parcerias Público-Privadas) e que foi "um pouco" secretário de Finanças durante seu mandato à frente da Prefeitura de São Paulo. Defendeu, também, que as compras do próximo governo podem servir à reindustrialização.

Críticas ao governo atual

Fernando Haddad criticou medidas adotadas pelo atual governo neste ano. "O governo Bolsonaro, diante da iminente derrota, tomou providências ao arrepio da equipe econômica. A fila do INSS, o que fizeram no meio do ano, é uma loucura. Tiraram todos os filtros", afirmou.

Ele destacou que o desenho do Auxílio Brasil, criado em substituição ao Bolsa Família, não foi feito para "combater a fome", mas "maximizar número de votos".

"Nós ofícios do próprio governo (Bolsonaro) mandando retirar do cadastro do Auxílio 2,5 milhões de pessoas. Quando você dá calote no precatório, ao invés de rolar dívida pela Selic, vai rolar pelo juro do precatório, que é maior", afirmou Haddad. "Com precatório, você está rolando dívida por até 5% ano acima da Selic", continuou.