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Líderes do FMI e da OMC advertem para custos da fragmentação no comércio global

São Paulo

01/06/2023 14h13

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, e a diretora-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, advertem para um refluxo na interdependência e no comércio internacionais e para os custos potenciais dessa fragmentação. Em artigo firmado pelas duas na Finance & Development Magazine, publicada nesta quinta-feira pelo Fundo, as autoridades afirmam que restrições ao comércio e subsídios têm crescido, na resposta à pandemia e diante da guerra da Rússia na Ucrânia.

Países buscam garantir cadeias de oferta estratégica e recorrem a políticas que distorcem o comércio, apontam. Caso mantidos e aprofundados, esses passos podem "abrir a porta para políticas orientadas para alianças, que reduzem a eficiência econômica e fragmentam o sistema de comércio global", alertam. Pode ainda haver efeito contrário ao esperado, com cadeias de produção mais limitadas sendo mais vulneráveis a choques localizados.

Georgieva e Okonjo-Iweala afirmam que o investimento estrangeiro direto está cada vez mais concentrado em países com alinhamento geopolítico.

Elas destacam a importância do comércio global, ao resultar em avanços na produtividade, apoiar o crescimento a partir das exportações e reforçar a segurança econômica, ao dar a empresas e famílias opções em caso de algum choque interno. Essas cadeias globais foram cruciais na pandemia, ao circular insumos médicos, inclusive vacinas, recordam.

O FMI e a OMC dizem que a fragmentação "seria custosa para a economia global". Um cenário com o comércio global dividido em dois blocos poderia levar a uma queda de 5% no PIB global, aponta estudo da OMC. O FMI ainda aponta que a fragmentação no comércio retira de 0,2 a 0,7% do PIB global, e diz que o custo pode ser ainda maior em caso de "desacoplamento tecnológico".

O alerta é feito em meio a tensões e sanções de parte a parte, em tecnologia inclusive, entre EUA e China.

A dupla de autoridades recomenda que causas subjacentes de descontentamento sejam resolvidas, o que seria mais eficaz que as intervenções no comércio hoje vistas. Mesmo com tensões geopolíticas, a cooperação no comércio segue possível, acreditam. Segundo elas, essa cooperação é crucial para avançar em temas cruciais atuais, entre eles as mudanças climáticas.