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Unctad diz que projeção para comércio mundial até o final de 2023 é negativa

São Paulo

21/06/2023 15h05

Após dois trimestres consecutivos de queda, o comércio global de bens e serviços se recuperou entre janeiro e março de 2023, mas as perspectivas para o resto do ano são sombrias, segundo o organismo das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês). Em relatório, a instituição aponta que, para o segundo trimestre de 2023 a projeção do organismo sugere uma desaceleração no crescimento do comércio global, apontando para previsões econômicas mundiais recentemente rebaixadas e fatores como inflação persistente, vulnerabilidades financeiras, guerra na Ucrânia e tensões geopolíticas.

O relatório sugere que o "friend-shoring" está em ascensão desde o final de 2022, caracterizado por uma reorientação dos fluxos comerciais bilaterais para priorizar países que compartilham valores políticos semelhantes.

A guerra na Ucrânia, a dissociação da interdependência comercial Estados Unidos-China e as consequências do Brexit desempenharam um papel significativo na formação das principais tendências comerciais bilaterais durante este período, avalia.

O estudo ilustra o declínio contínuo na interdependência comercial entre os Estados Unidos e a China. Isso mostra que, no último ano e meio, os Estados Unidos se tornaram relativamente menos importantes como mercado de exportação para a China e que, durante esse período, a dependência dos Estados Unidos da China como fornecedor diminuiu ainda mais, diz o Unctad.

O crescimento do comércio de mercadorias foi misto entre as principais economias do mundo durante os últimos quatro trimestres, segundo a publicação. Brasil, Índia, Estados Unidos e União Europeia tiveram aumentos significativos tanto nas importações quanto nas exportações, registra.

Já nos primeiros três meses de 2023, o comércio de mercadorias aumentou 1,9% em relação ao último trimestre de 2022, somando cerca de US$ 100 bilhões. O comércio global de serviços também aumentou cerca de US$ 50 bilhões, cerca de 2,8% em relação ao trimestre anterior, aponta o estudo.