Ibovespa sobe a 124 mil pontos, de olho em meta fical, apesar de queda em NY
O Ibovespa sobe nesta quinta-feira, 16, apesar da queda dos índices futuros de ações de Nova York e do recuo das commodities. A alta reflete em parte a expectativa de que o governo, por ora, não mudará a meta fiscal de déficit zero para 2024. Com isso e mais os sinais de que os juros norte-americanos poderão parar de subir, começando até mesmo a cair antes do imaginado, a Selic terminal pode ceder a um dígito.
Em Nova York, o recuo é moderado, numa tentativa de Wall Street realizar lucros. Ontem, quando a B3 ficou fechada por conta do feriado da Proclamação da República, as bolsas norte-americanas e europeias subiram, diante de perspectivas de que sinais de arrefecimento da inflação mundial instigue menos juros.
"Estamos em uma fase em que notícias ruins são boas. Dados mais fracos de emprego e de expectativas industriais ajudam um pouco no sentido de que os juros não subirão mais, podendo até caírem antes do esperado nos Estados Unidos", avalia Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Com a agenda de indicadores esvaziada internamente, os investidores aguardam uma posição do governo a respeito da meta fiscal zero em 2024 que, por ora, parece que será mantida.
Nesta quinta, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tem reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outros integrantes do governo para tratar do assunto. O prazo para apresentação de emenda à LDO se esgota na sexta-feira, 17.
Segundo Lourenço, da Manchester, a percepção de alívio monetário à frente nos Estados Unidos favorece a entrada de fluxo para a B3, que tradicionalmente costumar subir no fim do ano. "Essa questão do fluxo é muito mais importante, mas tem também o sinal de que o governo manterá a meta de déficit fiscal zero em 2024. Não que necessariamente isso vá se concretizar, mas o sinal de que não abandonará a meta é algo positivo", afirma.
De todo modo, segundo o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, "o pano de fundo do momento é positivo para ativos domésticos, mesmo que a questão fiscal interna permaneça como fonte de risco e limitante aos preços", avalia em nota.
O investidor da B3 ainda foca no noticiário corporativo. Foram divulgados os balanços da Americanas, do Nubank, JHSF e Lojas Marisa. Ao mesmo tempo, Magazine Luiza deve continuar no centro das atenções, após a empresa divulgar erros em seus balanços. A CVM abrirá um processo administrativo para investigar o caso. As ações de Magazine Luiza e Casas Bahai ocupam os dois primeiros postos das maiores altas do Ibovespa, com 7,95% e 5,77%, respectivamente.
Na terça-feira, o Ibovespa subiu 2,29%, aos 123.165,76 pontos, indo ao maior nível desde agosto de 2021, influenciando pelos sinais de arrefecimento da inflação americana, corroborados também ontem pelo PPI dos EUA. Além disso refletiu dados fracos de atividade do Brasil, que levaram à perspectiva de Selic de um dígito no fim do ciclo.
Após avaliar informações setoriais referentes ao terceiro trimestre e dos novos pesos setoriais, impactados pela divulgação das Contas Nacionais de 2021, a MCM Consultores revisou a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB). A estimativa para o PIB do período de julho a setembro passou de alta de 0,3% para queda de 0,1%, na margem, e de expansão de 2,5% para 1,7% em relação ao terceiro trimestre de 2022.
Apesar do resultado acima do esperado das vendas do varejo e da produção industrial da China em outubro, e do anúncio de novas medidas de estímulo ao país, o preço de novas moradias caiu em ritmo mais rápido no mês passado. Neste cenário, o minério de ferro fechou em baixa de 1,53% em Dalian. As ações da Vale caíam 0,11% às 11h15, enquanto as demais do segmento metálico subiam. Alta ainda em papéis de grandes bancos no Ibovespa, além de Petrobras, apesar do recuo do petróleo no exterior.
Às 11h18, o Índice Bovespa subia 0,61%, aos 123.922,80 pontos, após abertura e mínima aos 123.165,30 pontos, com variação zero.
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