No Brasil, diretora do FMI cobra meta de inflação de bancos centrais

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse nesta segunda, 26, que os bancos centrais devem manter-se concentrados em "terminar o trabalho" de levar a inflação à meta. Em discurso na reunião de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais (BCs) do G-20 (grupo que reúne as maiores economias do mundo), no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, ela disse que será preciso avaliar com cuidado quando e em que nível os BCs devem reduzir os juros mais adiante, para se garantir a convergência da inflação na meta.

Ela citou o Brasil como um exemplo positivo, por ter elevado juros cedo para controlar o quadro inflacionário. Georgieva ainda destacou a reforma tributária brasileira aprovada em 2023 como um caso de sucesso. Segundo ela, é crucial que os países elevem a receita e combatam ineficiências, e nesse sentido o Brasil "tem mostrado liderança nesta área, com sua reforma tributária histórica", disse, advertindo: "Muitos países estão para trás, com espaço para ampliar suas bases tributárias, fechar brechas e melhorar a administração tributária".

Desde ontem, a cidade de São Paulo sedia as reuniões financeiras do G-20 Brasil, que contará com a presença de ministros de finanças e presidentes de bancos centrais dos países do grupo. O Brasil assumiu a presidência rotativa do G-20 pela primeira vez em 1.º de dezembro, com mandato de um ano, e realizará 130 reuniões nas cinco regiões do país ao longo dos próximos 12 meses.

O G-20 reúne as 19 maiores economias do mundo, a União Europeia e, a partir deste ano, a União Africana. A lista é composta por África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia, União Europeia, representada pelo presidente da Comissão Europeia e pelo presidente do Conselho europeu, e União Africana. O grupo responde por cerca de 85% do PIB global, 75% do comércio internacional e dois terços da população mundial.

Diagnóstico positivo

Diagnosticado com covid, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tinha uma agenda extensa com base na programação original do encontro, que incluía reuniões com a secretária do Tesouro norte-americana, Janet Yellen, e com Georgieva, do FMI, para tratar de questões relacionadas ao G-20 e também de bandeiras que são levantadas pelo País, como a busca de soluções para o endividamento de países muito pobres.

Nesta terça 27, ocorre a primeira sessão oficial do G-20. A partir das 9h45, o ministro da Fazenda faria o principal discurso do G-20, intitulado O Papel Político Econômico na Abordagem das Desigualdades: Experiências Nacionais e Cooperação Internacional. Não foi divulgada até a tarde de ontem uma programação alternativa, caso Haddad não possa cumprir sua agenda.

A partir das 14h45, acontecerá a segunda sessão da reunião do G-20 sob o comando do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele tratará de perspectivas globais sobre crescimento, emprego, inflação e estabilidade financeira.

Metas climáticas

Em briefing na manhã de ontem, sobre as reuniões financeiras do G-20, a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, afirmou que os encontros são fundamentais para a busca de consensos globais, e destacou que os ministros de finanças e presidentes de bancos centrais que se reúnem na capital paulista têm papel crucial na mobilização de recursos ao crescimento equilibrado, incluindo a viabilização das metas climáticas do Acordo de Paris e de desenvolvimento sustentável.

Coordenadora da trilha de finanças do G-20, cujos eventos neste ano serão presididos pelo Brasil, ela disse que as reuniões retomarão temas discutidos no primeiro encontro do grupo, em dezembro, em Brasília. A expectativa é de que uma proposta seja fechada para embasar a reunião de ministros de finanças e presidentes de BCs amanhã.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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