Dólar volta a subir e supera R$ 5,15 com dado de inflação forte nos EUA
O dólar à vista apresentou alta moderada na sessão desta quinta-feira, 25, e voltou a superar a marca de R$ 5,15 no fechamento. A perspectiva de inflação ainda resistente nos Estados Unidos voltou a provocar avanço firme das taxas dos Treasuries, o que provocou nova rodada de depreciação de divisas latino-americanas, como o real e os pesos mexicano e colombiano.
A primeira leitura do PIB dos EUA no primeiro trimestre mostrou alta de 1,6%, bem abaixo da mediana de Projeções Broadcast (2,4%) e da expansão anualizada de 3,4% no quarto trimestre. Já o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) acelerou de 1,4% no trimestre passado para 3,4% nos três primeiros meses de 2024 (taxa anualizada). O núcleo do PCE - que exclui alimentos e energia - acelerou de 2% para 3,7%.
"O PCE do primeiro trimestre veio bem acima das expectativas e serviu de gatilho para movimento de abertura das taxas de juros americanos e de alta do dólar. Isso aumentou a expectativa para o PCE de março amanhã e para a reação do Fomc na semana que vem", afirma o chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Garcia, em referência ao encontro do comitê de política monetária do Federal Reserve na próxima quarta-feira, 1º de maio.
O dólar até chegou a ensaiar uma baixa na primeira meia hora do pregão, quando tocou mínima a R$ 5,1119, mas trocou de sinal assim que saíram dados dos EUA e trabalhou o restante do pregão em alta. A máxima veio ainda pela manhã, a R$ 5,1930, e coincidiu com os picos das taxas dos Treasuries, sobretudo da T-note de 2 anos.
Com moderação dos ganhos ao longo da tarde, em sintonia com o exterior, o dólar à vista fechou a R$ 5,1635, avanço de 0,30%. Apesar de emendar hoje o segundo pregão seguido de alta, a moeda ainda recua 0,69% nesta semana.
O economista-chefe do Banco Fibra, Marco Maciel, pondera que a abertura dos dados do PIB do primeiro trimestre nos EUA mostra que a demanda doméstica, a parte mais sensível ao nível da taxa de juros, continua aquecida E o resultado trimestral do deflator implícito do consumo pessoal sugere um PCE em março mais pressionado.
Ele ressalta que esse quadro levou a T-note de 2 anos a superar o nível de 5% hoje, com a curva de juros futuros mostrando apenas uma queda da taxa básica americana neste ano, enquanto as projeções mais recentes de dirigentes do Fed são de três cortes. A taxa de câmbio "perto de R$ 5,17 corresponde ao valor justo consistente com o juro futuro de 2 anos nos EUA na vizinhança de 5,0%"
Para Maciel, a curva de juros americana "continua em claro movimento de 'overshooting', motivado pelo aquecimento do mercado de trabalho e pelos elevados números de inflação. "A curva de juros tende a convergir para o plano de voo do Fomc, abaixo da precificação atual", afirma Maciel, que prevê corte dos juros pelo Fed a partir de setembro e "consequente convergência" do dólar para R$ 5,10 em maio.
À tarde, o BC informou que o fluxo cambial foi negativo em US$ 1,113 bilhão na semana passada (de 15 a 19 de abril), com saídas líquidas de US$ 4,164 bilhões pelo canal financeiro sobrepujando as entradas líquidas de US$ 3,051 bilhões via comércio exterior. Em abril, até o dia 19, o fluxo total ainda é positivo em US$ 165 milhões.
De Brasília, vieram boas notícias para a diminuição da aversão ao risco, o que pode reduzir a pressão de curto prazo sobre o real. Após aprovação da distribuição de 50% de dividendos extraordinários da Petrobras que haviam sido retidos em março, o Broadcast apurou com fontes que o presidente Lula deu seu aval para distribuição de outra metade ao longo do segundo semestre. Trata-se de uma boa notícia para os cofres do governo, o principal acionista da petroleira, em meio à desconfiança sobre o cumprimento da meta de déficit primário zero neste ano.
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