Dólar segue exterior e cai ante real com chance de tarifas menos agressivas nos EUA

A possibilidade de o próximo governo dos Estados Unidos adotar tarifas de importação menos abrangentes do que o previsto fez com que uma onda de apetite por risco varresse os mercados globais, prejudicando o dólar e favorecendo o real. Na primeira etapa do pregão desta segunda-feira, 6, a moeda brasileira passou a operar abaixo de R$ 6,15 e, no mercado à vista, tocou mínima de R$ 6,09.

Segundo o jornal The Washington Post, assessores do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, estão explorando tarifas que seriam aplicadas a todos os países, mas cobririam apenas importações críticas em alguns setores.

Posteriormente, Trump disse que a notícia do Washington Post era falsa, o que diminuiu, mas não apagou, a força do real.

"Hoje, assim como durante boa parte da semana passada, há um efeito bem significativo de fatores externos atuando sobre dólar", disse Matheus Pizzani, economista da CM Capital.

Segundo ele, o mercado fez uma "leitura mecânica" de que a potencial abrangência menor das tarifas de importação pode levar a uma postura "menos rígida e conservadora" por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), e aumentar o espaço para juros menores nos Estados Unidos.

Alan Martins, analista da Nova Futura Investimentos, aponta que a queda do dólar também pode ser reflexo do estoque baixo de contratos em aberto. "O mercado está leve. Não vejo nenhum player grande apostando em algo, nem para cima nem para baixo. Pelo estoque baixo, qualquer variação, seja positiva ou negativa, vai causar impacto maior na moeda", afirmou.

O real, porém, ainda pode enfrentar contratempos. O grande diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, em tese favorável à moeda brasileira, ficou em segundo plano nos últimos meses, o que especialistas atribuem a preocupações com fatores domésticos, como o cenário fiscal, e aos riscos externos - um deles relacionado à expectativa de adoção de tarifas de importação por Trump.

Pizzani ressalta que esse fluxo ligado ao diferencial de juros pode retornar conforme as incertezas diminuírem, mas não com a intensidade vista em outros momentos em que os investidores estavam preocupados apenas com rentabilidade.

Por volta das 12h35, o dólar à vista recuava 1,23%, para R$ 6,1060, com mínima intradia de R$ 6,0928. O contrato do dólar para fevereiro tinha queda de 1,3%, a R$ 6,1345, com mínima de R$ 6,1215.

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