Franquia da Coca-Cola quer lojas de conveniência no Brasil, mas padarias assustam
A gigante mexicana Femsa, maior engarrafadora de Coca-Cola do mundo em volume de vendas, planeja abrir uma rede de lojas de conveniência no Brasil, mas tem medo da concorrência das padarias.
As lojas de conveniência Oxxo (pronuncia-se óquisso) devem chegar ao país em "menos de cinco anos", diz José Antonio Fernández Carbajal, presidente do Conselho de Administração e diretor-geral executivo da Femsa, em Monterrey, no México, onde fica a sede mundial da empresa.
"Queremos abrir a Oxxo em outros países. Obviamente, o Brasil, dado o tamanho do país e sua importância, nos interessa. Acreditamos que possamos competir nesse mercado."
Ele não estimou um prazo exato, número inicial de lojas nem o investimento previsto. As primeiras unidades da Oxxo devem ser abertas na cidade de São Paulo.
Mas antes disso os executivos da Femsa trabalham para entender o mercado brasileiro e adaptar os produtos e serviços oferecidos na rede.
"O Brasil é um mercado muito diferente do México, mas, se conseguirmos mostrar que a Oxxo se adapta às necessidades e gostos do consumidor, então podemos ir ao país", declara Carbajal.
As compactas lojas Oxxo, que geralmente funcionam anexas a postos de gasolina, são uma febre no México, onde lideram o mercado, com mais de 9.000 unidades e 7,5 milhões de clientes por dia.
Vendem refrigerante, água, cerveja, salgadinhos, doces e sanduíches prontos frios. Também oferecem serviços, como pagamento de contas de luz, água e celular e até passagens aéreas. O sucesso delas se baseia no hábito do mexicano de usar as pequenas "vendas" locais para fazer refeições ligeiras e até mesmo algumas compras para consumir em casa.
Pão quente e cerveja à vontade no Brasil preocupam a Oxxo
Um dos problemas para a Oxxo entrar no Brasil com sucesso são as padarias, segundo avaliam os próprios executivos da empresa, que já andaram pesquisando o mercado.
"O brasileiro compra pão quentinho feito na hora. Pode tomar cerveja em qualquer lugar. Gosta de comer salgadinhos, como pão-de-queijo. Não vai querer sanduíche pronto", diz Maximiliam Zimmermann, gerente de Relações com Investidores da Femsa.
No México, é proibido tomar cerveja na rua, e as lojas Oxxo não têm licença para servir álcool, só para vender e o cliente levar para outro lugar.
Zimmermann diz que as padarias brasileiras estão em todos os lugares, muito perto dos postos de gasolina, locais onde as unidades vão se instalar. "Talvez tenhamos de ter uma pequena padaria dentro das nossas lojas. Estamos estudando. A Oxxo no Brasil terá de começar do zero."
Um trunfo da empresa é a oferta de serviços bancários, para pagamentos de contas variadas, como já ocorre no Brasil em lotéricas e supermercados.
A Oxxo ainda terá de combater a realidade de que as lojas de conveniência no Brasil vendem produtos mais caros que os encontrados em lanchonetes e pequenos mercados, afirma Zimmermann. No México, seus preços são baixos, iguais aos das pequenas vendas, para serem competitivos.
A Femsa está cautelosa. O único país fora do México onde ela tem lojas Oxxo é a Colômbia. Está lá já há dois anos, mas existem apenas 20 unidades. Isso mostra dificuldades de adaptação ao mercado local. Os executivos dizem que ainda estão avaliando a melhor forma de atender ao gosto dos colombianos. "Vamos crescendo pianinho [devagar]", diz Carbajal.
O mercado já havia especulado anteriormente, em 2008, sobre a vinda da Oxxo ao Brasil, mas isso acabou não acontecendo.
Outra fábrica de geladeiras industriais para o Nordeste
A Femsa também é dona da Imbera, uma fábrica de geladeiras industriais (usada em bares e restaurantes para gelar cervejas, refrigerantes e outros produtos). Uma unidade foi inaugurada em dezembro do ano passado em Itu (interior de São Paulo).
Uma outra fábrica de refrigeradores deve ser aberta no Brasil em dois ou três anos, diz Jesus Mariano Montero, diretor de insumos estratégicos da Imbera.
A ideia é que a nova fábrica atenda o Nordeste, enquanto a unidade de Itu fica com o Sudeste e o Centro-Oeste. "O custo do transporte é muito alto no Brasil", diz Montero para justificar a decisão pela nova fábrica.
Empresa não confirma nem desmente compra de nova engarrafadora
O CEO da Femsa, José Antonio Fernández Carbajal, não descartou nem confirmou a possibilidade de a Femsa comprar uma engarrafadora concorrente da Coca-Cola no Brasil.
"O Brasil tem muitas oportunidades. Vamos seguir investindo. Não temos nenhuma engarrafadora clara para comprar, mas gostaríamos."
A Femsa tem 30 fábricas da Coca-Cola em nove países: Brasil, México, Guatemala, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Venezuela e Argentina.
A empresa produz refrigerantes e água, e comercializa e distribui produtos da Coca-Cola, como chás, sucos, bebidas lácteas, energéticos e isotônicos. A Femsa também é dona de 20% das operações da cervejaria holandesa Heineken no mundo todo.
No Brasil, atende a cerca de 40 milhões de consumidores, distribuídos nas regiões de São Paulo, Campinas, Santos, Mato Grosso do Sul, região serrana do Rio e parte de Minas Gerais.
* (O jornalista Armando Pereira Filho viajou ao México a convite da Femsa)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.