Empresário lucra com produtos licenciados e cópias de "Patati e Patatá"
O empresário da área artística Rinaldi Faria, 41, fez os palhaços Patati e Patatá conhecidos em todo o Brasil, ainda na década de 90. Para isso, vendeu CDs e DVDs em escolas e criou clones dos palhaços para fazer shows em várias cidades ao mesmo tempo e ganhar mais dinheiro –apesar de não querer divulgar muito essa estratégia, para não "decepcionar" nem as crianças nem os pais, segundo ele.
Não há uma dupla titular e todos eles se revezam. Faria não revela quantos clones existem.
A estratégia também lhe rendeu um programa infantil no SBT em 2011 –no ar até hoje– e uma linha com cerca de 900 produtos licenciados, entre os quais bonecos da dupla, brinquedos, CDs e DVDs.
Nem sempre Patati e Patatá (a marca oficial não tem o "e" entre os dois nomes) foi uma dupla de palhaços. Nos anos 80, o nome designava um grupo de artistas, entre eles, Faria, que era o mágico. Eles se apresentavam em circos, escolas e festas infantis. Os atores que interpretavam os palhaços da companhia, na época com os nomes Tuti-Fruti e Pirulito, morreram num acidente de carro e Faria temporariamente substituiu um deles.
Com o passar do tempo, o empreendedor se tornou administrador da trupe e percebeu que as crianças pensavam que Patati e Patatá era o nome dos palhaços. Ele usou isso a favor do negócio.
“Vi que os demais personagens estavam sobrando. Então, resolvi usar o nome do grupo para ser o nome da dupla. Criei outro figurino, mudei a maquiagem, enfim, deixei tudo novo. Meu foco foi criar palhaços finos e modernos, que parecessem bonecos gigantes que qualquer criança quisesse brincar”, diz Faria.
Treinamento padroniza palhaços
Para tornar os personagens conhecidos, mas sem o apoio de um veículo de comunicação de massa para divulgá-los, o empreendedor resolveu contratar atores com o mesmo perfil físico –altos e magros- e treiná-los para interpretar os palhaços.
Dicas para ganhar escala no negócio
O professor do MBA de gestão de negócios do Ibmec e consultor empresarial Marcos Martins dá dicas para os empreendedores que querem ampliar seu negócio: |
- Tenha um modelo de negócio que possa ser repetido em outros lugares |
- Aposte num canal de vendas além do tradicional, por exemplo, a internet |
- Crie um manual descrevendo seus processos e formas de atuação |
- Treine pessoas para reproduzir seu negócio. Escolha os parceiros certos, pois eles serão responsáveis por conduzir sua marca, produto ou serviço |
- Registre sua marca ou produto no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) para proteger o seu negócio e evitar que alguém copie a sua ideia e obtenha exclusividade no negócio |
- Tenha dinheiro para investir. Crescimento exige capital e planejamento |
“Resolvi fazer um trabalho corpo a corpo, visitando escolas e realizando shows diariamente. Deu resultado e, para atender a todos os convites, passamos a multiplicar as duplas”, declara. Foi nessa época que ele constituiu a empresa. Em 1990, nascia a Rinaldi Produções, dona da marca Patati e Patatá.
Faria afirma que os atores passam por um rigoroso teste e o treinamento é intenso. Inclui aulas de cidadania, bons costumes e história da dupla.
“O requisito fundamental é gostar de crianças. Fazemos questão de que nunca se esqueçam da história, para que isto se reflita no respeito ao público que os prestigia. Só depois dessa etapa, o candidato passa a treinar os trejeitos e características de cada personagem”, declara.
O cuidado com a padronização dos personagens é uma das maiores preocupações do empreendedor. Ele diz que as crianças sentem como se Patati e Patatá fossem seus amigos e não identificam a diferença entre as duplas que realizam os shows.
A reportagem do UOL pediu para a empresa enviar fotos de duplas diferentes para analisar se, de fato, não há diferença entre os palhaços, mas a companhia não quis divulgar.
Para Faria, a revelação de quantas duplas atuam no país e a divulgação de imagens para despertar o interesse em identificar diferenças entre os palhaços tiraria o encanto das crianças. “Achar que os palhaços são únicos faz parte da magia. Não posso decepcionar as crianças nem seus pais.”
Venda em escolas levou ao licenciamento e à TV
Durante as apresentações, as duplas vendiam produtos como discos gravados de maneira independente e bonecos dos palhaços. Ele conta que um dos produtos chegou a vender mais de 1,5 milhão de unidades nas escolas. Era uma edição especial do disco com os grandes sucessos do Patati e Patatá, com dois bonequinhos de brinde.
Foi depois disso que ele fechou seu primeiro contrato de licenciamento, com a fabricante de brinquedos Multibrink.
Ele conta que a pintura dos bonecos era manual, por isso as peças demoravam muito para ficar prontas.
"Mas tínhamos urgência porque as vendas eram certas. Então, oferecemos prêmios para os pintores acelerarem a produção e eles deixaram de lado encomendas das indústrias de brinquedos para fazer as nossas", explica.
Nessa época, o dono da Multibrink chamou Faria para saber que produto era esse que estava atrapalhando o ritmo de sua produção e onde era vendido. "Ele conheceu, gostou da ideia e os bonecos passaram a ser fabricados pela indústria.”
De bonecos, passaram para álbum de figurinhas, ovos de Páscoa até chegar a cerca de 900 produtos licenciados. O sucesso dos personagens levou a negociações para o programa de TV, que estreou no SBT em maio de 2011.
Depois disso, o empreendedor diminuiu consideravelmente o trabalho com duplas pelo Brasil e focou no programa de TV. A ideia é reformular este trabalho para promover o programa e seus patrocinadores.
Pirataria motivou megaturnê
No entanto, o sucesso não trouxe só boas notícias. Com a dupla conhecida do grande público, o empreendedor passou a sofrer com a pirataria de CDs e DVDs.
Também descobriu que Patatis e Patatás que não eram da sua companhia estavam fazendo shows e lotando ginásios em cidades de menor porte. Ele percebeu, então, a oportunidade de lançar uma turnê da dupla.
A turnê “Volta ao Mundo” já foi assistida por mais de 500 mil pessoas e se apresenta em todas as capitais do país.
Na empresa, há um departamento chamado “Caça Cover”, destinado a impedir que falsos palhaços se apresentem como a dupla. “São oito advogados que só fazem isso”, diz Faria.
Em 2012, a empresa faturou R$ 25 milhões, 65% a mais que em 2011. Este ano, vai iniciar a pré-produção de um longa metragem para o cinema, que deve estrear em 2014.
Além disso, começou as negociações para a criação do parque Patati e Patatá, lançará um aplicativo para iPhone e um reality show que vai mostrar a vida da dupla Patati Patatá 24 horas por dia na internet. O empreendedor também está tocando o projeto de internacionalização da marca.
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