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Vontade de ficar com filhos motiva mães a abrir negócio próprio

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

10/05/2013 06h00

Durante a gravidez, enquanto preparava o enxoval do bebê, a advogada Helena Toledo, 37, não se sentia confortável nas lojas de produtos infantis. Ela não gostava da estrutura dos estabelecimentos e nem do atendimento dado pelas vendedoras.

Por isso, viajou para Miami, nos Estados Unidos, para fazer as compras antes do nascimento de Enzo.

No período de licença-maternidade, ela foi amadurecendo a ideia de ter um negócio próprio, o que já era um desejo antigo. Onze meses depois do nascimento do filho, em março de 2011, abriu a loja de artigos infantis Baby Stuff, em São Paulo.

“Eu estava cansada da minha profissão e sempre quis empreender, só não sabia em que área. Encontrei a oportunidade quando vi que minhas necessidades como consumidora e mãe de primeira viagem não eram atendidas”, diz.

A empresária conta que, ao abrir a loja, investiu em aspectos que mais a incomodavam quando frequentava esses estabelecimentos.

Ela deu treinamento para as vendedoras saberem ajudar as mães de primeira viagem, criou o "espaço kids" para que as crianças brinquem enquanto as mulheres fazem compras e, até, um estacionamento para cachorros. 

"Quando fui fazer minhas primeiras compras, tive dificuldade para escolher as roupas e os produtos necessários. Também percebi que as mães que precisavam levar os filhos junto para fazer compras não tinham tranquilidade. Por isso criei um espaço destinado para as crianças e treinei as vendedoras", explica.

Segundo o consultor Gustavo Carrer, do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de apoio à Micro e Pequena Empresa do Estado de São Paulo), a maternidade coloca a mulher em contato com produtos e serviços que ela não conhecia antes.

"Isso amplia horizontes e pode ajudar a identificar uma oportunidade de negócio. Além disso, a pausa necessária no trabalho e a experiência intensa de ser mãe faz a mulher rever seus planos de carreira e de vida e pode levar à decisão de empreender", afirma.

Ser dona do negócio não significa trabalhar menos

Carrer diz que a vontade de passar mais tempo com o filho é uma motivação importante para muitas mulheres. Porém, ser dona do próprio negócio nem sempre significa trabalhar menos. Em muitos casos, o empreendedor trabalha mais do que se fosse um empregado formal.

“Geralmente, elas escolhem atividades que permitem passar mais tempo com a criança ou aquelas em que podem levar os filhos até o local de trabalho, como um comércio perto de casa. Ela pode dedicar mais tempo ao trabalho, mas está mais disponível para o filho”, diz.

O consultor do Sebrae-SP diz que a experiência como mãe cria demandas que até então não existiam e coloca a mulher em situações que talvez ela não experimentaria de outra forma e que podem levá-la ao negócio próprio.

É o caso de Sarah Lazaretti, 54, que fundou a Alergoshop, rede de franquias de produtos para alérgicos, e de Ana Paula Harley, 42, que trouxe a franquia de educação americana FasTracKids para o Brasil.

A Alergoshop surgiu da dificuldade que Lazaretti tinha em encontrar produtos para sua filha Marina, que possuía alergias e problemas respiratórios. Já a FasTracKids veio da vontade de Harley de melhorar a capacidade de aprendizado de seus filhos gêmeos, João e Fernando.