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Derrocada de Eike Batista é uma vergonha para Dilma, diz jornal britânico

Ricardo Moraes/Reuters
Imagem: Ricardo Moraes/Reuters

Do UOL, em São Paulo

04/11/2013 15h59

O periódico britânico “Financial Times” voltou a abordar o fim do império de Eike Batista em um artigo publicado nesta segunda-feira (4) em seu site.

O correspondente do jornal em São Paulo, Joe Leahy, afirmou que, se todos os presidentes têm um momento do qual devem se envergonhar no futuro, para a presidente Dilma Rousseff este momento foi quando, em abril do ano passado, ajudou o “empresário falido” Eike Batista a comemorar o primeiro petróleo dos campos da OGX na costa do Rio de Janeiro.

Na ocasião, a presidente louvou o empresário, que ainda era o homem mais rico do país. Dilma ainda encorajou uma aliança entre a OGX e a gigante estatal Petrobras. “Ambos podem ganhar muito com uma parceria”, afirmou a presidente, em abril do ano passado.

Leahy apontou que aquele foi o ápice do bom relacionamento entre Eike Batista e o governo. Desde então, a queda teria sido tão rápida que o governo tem feito o possível para evitar efeitos colaterais.

A reportagem do "FT" afirma que entrou em contato com a equipe do governo para comentar a situação de Eike, mas a resposta foi simplesmente “sem comentários”.

Além disso, o correspondente afirmou que o fim do império de Eike, que por muito tempo foi uma figura central no governo de centro-esquerda do PT, levanta questões sobre os rumos futuros da política no país.

Eike deu, até agora, credibilidade para o PT afirmar que a política intervencionista da economia também era favorável ao mercado, segundo o jornal. O artigo questiona se a derrocada do empresário vai fazer com que a política do governo fique mais ou menos intervencionista.

Entenda o caso

A OGX, que já foi a principal empresa do grupo de Eike, entrou com pedido de recuperação judicial na quarta-feira (30 de outubro), depois de meses de negociação, sem acordo, com seus credores. É o maior processo de recuperação judicial já feito no Brasil. As dívidas da OGX somam R$ 11,2 bilhões.

A recuperação judicial, antiga concordata, é uma opção para empresas que estão em crise, mas acreditam ter chances de sobreviver se forem acionadas algumas medidas.

A crise da petroleira ganhou força após sucessivas frustrações com o nível de produção da petroleira. A virada foi no início de julho, quando a companhia decidiu não seguir adiante com o desenvolvimento de algumas áreas de exploração na bacia de Campos, antes consideradas promissoras.