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Abercrombie tem queda nas vendas e vai cortar preços para tentar sobreviver

Stephen Morrison/Efe
Imagem: Stephen Morrison/Efe

Do UOL, em São Paulo

28/02/2014 06h00

A marca de roupas Abercrombie & Fitch, que enfrenta uma sucessão de queda nas vendas, informou que vai reduzir os preços de suas peças para competir com outros produtos mais populares. O anúncio foi feito pelo diretor-executivo da marca, Mike Jeffries, depois de informar a queda nas vendas e no lucro da empresa.

O lucro da marca de roupas jovem caiu 58% no quatro trimestre, atingindo um total de US$ 66 milhões. As vendas recuaram 12% no período, e totalizaram US$ 1,3 bilhão.

Esse é o oitavo trimestre consecutivo de queda nas vendas da Abercrombie. 

Para tentar retomar o crescimento da marca, a Abercrombie vai abrir 70 lojas nos Estados Unidos e em outros 16 países, disse Jeffries à Businessweek. Muitas das peças da Abercrombie & Fitch são encontradas em lojas multimarcas e outlets no Brasil.

Diretor é acusado por acionistas de má gestão

Em um comunicado divulgado por Jeffries logo após a divulgação do balanço, o executivo afirma que “2013 foi um ano difícil para a empresa, com queda nas vendas e ganhos muito aquém dos objetivos em um varejo que se torna desafiante”.

Investidores e acionistas da empresa acusam Jeffries de má gestão e pedem sua saída. Ele ocupa o cargo na empresa desde 1996.

Segundo analistas do varejo, o desafio da Abercrombie tem se tornado maior à medida que marcas mais populares, também voltadas aos adolescentes, como Forever 21 e H&M, abrem mais lojas com preços muito mais baixos nos Estados Unidos e em outras partes do mundo.

Empresa é acusada de discriminação para contratar 

Somam-se a isso os escândalos recentes envolvendo a marca, que foi acusada de fazer contratação discriminatória e excluir clientes acima do peso, depois de anunciar que não venderia mais tamanhos G e GG.

Conhecida por colocar anfitriões sem camisa na entrada de suas lojas, a empresa causou polêmica por selecionar clientes e funcionários com base no jeito com que se vestiam e até proibiu os empregados de usarem roupas pretas. Duas funcionárias muçulmanas processaram a marca por não poderem usar a vestimenta típica da religião.

No ano passado, o grupo Defenseur des Droits -entidade de direitos humanos da França- acusou a Abercrombie de práticas de contratação discriminatórias baseadas na aparência física.

Segundo o grupo, a Abercrombie já havia sido condenada por discriminação em processos nos Estados Unidos e no Reino Unido.

Marca quer atrair "os mais populares da escola"

Na acusação, a entidade citou uma entrevista de Jeffries ao site Salon, em 2006, na qual afirmou que a empresa contratava pessoas de boa aparência para atrair clientes também bonitos.

Na mesma entrevista, o executivo afirmou que a marca se concentrava em jovens atraentes e populares, o que causou indignação de alguns consumidores.

“Em toda escola, há os jovens legais e populares e há os jovens não tão legais. Sinceramente, nós vamos atrás dos jovens legais. Vamos atrás do garoto tipicamente americano atraente, com muita atitude e com um monte de amigos. Muita gente não pertence a esse grupo e não pode pertencer. Somos excludentes? Com certeza”, disse na entrevista.

A declaração fez surgir protestos na internet contra a "patrulha da moda" promovida pela marca. Entre eles, uma campanha em vídeo que pedia aos jovens para doarem suas roupas da marca a moradores de rua. O protesto ganhou grande projeção nas redes sociais. 

Protesto sugere doar roupas da Abercrombie para sem-teto; veja