Hidrovias: empresas buscam porto antienchente e barco que navegue na seca
O temor em relação ao impacto das mudanças climáticas no transporte fluvial fez com que empresários da região Norte iniciassem uma pesquisa para encontrar novas formas de lidar com o regime de cheias e secas prolongadas que atinge a região.
A ideia é adaptar os portos da região, que tem mais de 20 mil km de rios navegáveis, aos novos níveis dos rios. Uma pesquisa realizada no Amazonas busca até encontrar novos tipos de embarcações que naveguem em rios mais rasos.
Na região Norte, concentram-se importantes corredores exportadores de commodities rurais como os dos rios Madeira e Tapajós-Teles Pires. Ambos escoam parte da produção de grãos de Estados como Rondônia e Mato Grosso.
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Cheia alaga portos e seca retém barcos
Denis Minev, diretor financeiro do Grupo Fogás, uma das principais distribuidoras de gás de cozinha da região Norte, afirma que a cheia de 2014 causou perdas.
“Tivemos no ano passado um grande prejuízo devido à enchente. Nossa base em Porto Velho foi alagada e teve de fechar por três meses. Neste período, perdemos mercado e tivemos de abastecer [o mercado] a partir de Manaus, o que foi caríssimo”, afirmou.
“Além disso, para manter Rio Branco abastecida, tivemos de levar nossas embarcações ao rio Purus, que é muito mais longo e problemático que o Madeira”, explicou Minev.
A preocupação na região norte é tanta que o presidente do Sindarma (Sindicato dos Armadores do Estado do Amazonas), Claudomiro Carvalho Filho, encomendou um estudo sobre o setor. O estudo vai apontar, entre outras coisas, que medidas podem ser tomadas para contornar os efeitos das secas e cheias prolongadas.
Portos contra enchentes e barcos para seca
Entre as medidas analisadas estão a adoção de novos padrões para os portos à beira dos rios da região, para que eles não sejam inundados durante as cheias. Além disso, também estão sendo estudados novos tipos de embarcações adaptados às profundidades mais rasas durante as secas prolongadas.
"Por conta da seca, comboios de até 20 barcaças que, em um período normal podem carregar até 40 mil toneladas de cargas (principalmente grãos), passam a ter de navegar com apenas 12 toneladas para não correrem o risco de encalhar", diz o diretor-executivo da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação), Paulo Leismann.
"Estamos pesquisando novos tipos de embarcações que sejam mais adaptadas à realidade dos rios cada vez mais baixos. Não podemos correr o risco de deixar de navegar ou de ver essa atividade inviabilizada", disse Claudomiro.
“A gente ainda não sabe estimar em números o tamanho dos prejuízos, mas a nossa percepção é que, ano após ano, as secas e as cheias estão mais intensas e demoradas. Esse estudo vai nos indicar que caminhos tomar. Essas mudanças estão colocando nosso negócio em uma situação complicada”, afirmou Claudomiro Carvalho Filho.
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