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Operação Lava Jato

Dilma, Argentina, capitalismo: analistas citam as causas da crise econômica

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Do UOL, em São Paulo

03/04/2016 06h00

O país vive a maior recessão em 25 anos. A operação Lava Jato tem participação nisso, mas não é a culpada, segundo especialistas ouvidos pelo UOL. Quais seriam, então, os fatores que empurraram o Brasil para a atual crise econômica? Veja abaixo alguns motivos citados. 

'A culpa é da Dilma'

Para o professor de economia Simão Silber, da FEA-USP, a crise é "obra-mestra da Dilma". Entre as medidas criticadas pelo economista estão a intervenção no câmbio, os subsídios a alguns setores da indústria e a ruptura de contratos. "Ela desorganizou tudo. Ela atirou para tudo quanto é lado com uma metralhadora giratória."

A economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, segue a mesma linha e culpa "a política econômica equivocada executada no primeiro mandato da presidente Dilma". Entre as decisões erradas, ela cita: cortar impostos (desoneração) de algumas áreas, baixar os juros, manter o real valorizado, interferir em setores do mercado (como o de energia) e aumentar os gastos públicos. 

"Os estímulos do governo geraram desequilíbrio, como inflação e deficit nas contas públicas", diz. Somam-se a isso, segundo ela, a Lava Jato, a crise política e a baixa confiança de empresários e consumidores.

O economista Gesner Oliveira, professor da FGV e sócio da consultoria GO Associados, também criticou a "barbeiragem no setor elétrico" e a desorganização das contas públicas, "com um aumento de gastos incompatível com a estabilidade econômica".

Falta de investimentos

Faltou o país passar do ciclo do consumo para o de investimentos, opina Gesner Oliveira.

"O forte crescimento dos anos 2000 se deveu ao endividamento das famílias, ao crédito para consumo. Foi algo novo, mas isso se esgotou, porque há um limite", diz. "Houve uma grande dificuldade do governo em estimular o investimento em infraestrutura."

Argentina em crise

Gesner Oliveira cita, ainda, a crise na vizinha Argentina como um fator que puxou o Brasil para baixo. "É uma grande demandante de peças e produtos do setor automotivo de forma geral", diz.

Capitalismo em crise

Para o professor Plinio Soares de Arruda Sampaio Júnior, da Unicamp, há uma "crise mundial muito profunda que está redefinindo o capitalismo e o trabalho". Nesse contexto, segundo ele, o Brasil fica "relegado a uma posição mais periférica".

"O Brasil fez uma inserção muito especializada na economia mundial, liberalizou comércio, expôs a economia brasileira à concorrência internacional e foi desmontando a indústria, desarticulando a capacidade do Estado de determinar a política fiscal e monetária", afirma. 

Tem jeito?

Para Simão Silber, a situação deve estar melhor daqui a dois anos, "se for para uma direção correta".

"Como o desmanche foi muito grande e o país é muito sofisticado, não há solução rápida e indolor no horizonte, pelo menos que a grande maioria dos economistas possam vislumbrar. Vamos sair dessa, mas não vai ser numa velocidade muita rápida", diz.

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