Árvore da Amazônia derrubada como vassoura sobrevive e vira hidratante
A ucuubeira ("árvore da manteiga") está sob risco de extinção na Amazônia porque é muito procurada para fazer cabo de vassoura, batente de porta, viga de telhado e carvão vegetal (a madeira é queimada).
Uma nova linha da empresa brasileira de cosméticos Natura, lançada no ano passado, ajuda a dar maior valor econômico para a árvore e a preserva de ser derrubada.
A empresa usa a ucuuba, fruto da árvore, cuja semente é fonte de uma manteiga leve com alto poder hidratante. Com isso, são produzidos cremes mais eficientes: conseguem hidratar bastante sem deixar a pele engordurada, segundo a Natura.
Moradores ganham três vezes mais
Os moradores na região de floresta no interior do Pará, ao lado de rios, derrubam as árvores para vender às madeireiras. Com o projeto da Natura, eles são estimulados a manter as árvores vivas, colhendo apenas os frutos.
A empresa diz que os moradores ganham três vezes mais do que conseguiriam vendendo a madeira. Além disso, a árvore fica em pé e vai render de novo, por uns dez anos.
Açaí e murumuru viram perfume e xampu
A linha Ekos da Natura já existe há 16 anos e usa sementes e frutos da Amazônia, como açaí, murumuru, andiroba, buriti, cumaru e a própria ucuuba.
Trabalhadores viajam horas em barquinhos
Colheita de açaí rende até R$ 3.000 por mês
Na Amazônia, a Natura tem 24 comunidades fornecedoras, com cerca de 2.000 famílias. Segundo a empresa, o rendimento mensal dos ribeirinhos é de R$ 2.000 a R$ 3.000 na temporada do açaí, o produto mais valorizado. Isso dura por quatro meses no ano. Depois, eles têm de colher outras culturas.
Cooperativa industrializa sementes, e ganhos sobem 7 vezes
Vender só as sementes e os frutos não rende tanto dinheiro. Por isso a Coofruta, cooperativa dos trabalhadores de Abaetetuba (PA), criou uma pequena indústria com apoio da Natura para produzir lá mesmo óleos e manteigas que são matéria-prima dos cosméticos.
Segundo Cláudio Brito, diretor da Coofruta, o rendimento com a industrialização pode aumentar sete vezes. O quilo da semente do murumuru (usado para xampus e condicionadores) estava em torno de R$ 3,80 no fim de agosto. O quilo da manteiga de murumuru era vendido por R$ 27,50 (os valores flutuam conforme a colheita).
Explorar a floresta sem matá-la
A Natura tem um projeto para explorar a floresta sem derrubar as árvores.
"O Programa Amazônia foi lançado em 2011 com o objetivo de manter a floresta em pé, dando valor para a produção de sementes, óleos e manteigas de árvores da Amazônia", diz Renata Puchala, gerente de Sustentabilidade da Natuara.
O projeto estimula pesquisa científica para descobrir que sementes podem virar cosméticos e produzir riqueza.
As propostas da empresa estão na sua "Visão de Sustentabilidade 2050", em que defende que suas marcas ajudem a formar consciência ecológica, buscando tecnologias inovadoras e com impacto positivo na sociedade. O projeto na íntegra está no site www.natura.com.br/e/sustentabilidade.
5 de setembro é o Dia da Amazônia
No dia 5 de setembro, é comemorado o Dia da Amazônia. A floresta tem cerca de 5,5 milhões e meio de quilômetros e abrange nove países. De seu território no Brasil, apenas 26% são protegidos (leia mais sobre a Amazônia aqui).
(O jornalista viajou a convite da Natura)
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