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Donos de imóveis "caçam" turistas na estrada para alugar casas no RS

Luiz Borges Martins, dono de 10 imóveis entre casas e apartamentos, anuncia imóveis na beira da estrada em Torres (RS) - Fernando Soares/UOL
Luiz Borges Martins, dono de 10 imóveis entre casas e apartamentos, anuncia imóveis na beira da estrada em Torres (RS) Imagem: Fernando Soares/UOL

Fernando Soares

Colaboração para o UOL, de Torres (RS)

30/12/2016 19h23

Na RS-453, estrada que dá acesso a Torres, no litoral do Rio Grande do Sul, donos de imóveis dão as boas-vindas a quem chega à cidade neste fim de ano. Em busca de turistas que ainda não têm hospedagem garantida para passar o Ano-Novo, eles oferecem casas e apartamentos para alugar, com diárias que chegam a R$ 500.

Os moradores se posicionam com placas na entrada da cidade, em um trecho da estrada que se estende pela avenida Castelo Branco.

Este é o segundo ano que o investidor Luiz Borges Martins, dono de dez imóveis, adota a estratégia de "caçar" os possíveis locatários na estrada.

Segundo ele, neste ano, os turistas estão mais cautelosos que em outras temporadas. "O cliente não vai vir até mim. Eu, proprietário, tenho que ir atrás dele", afirma Martins.  No ano passado, ele disse ter conseguido alugar o imóvel.

Até o início da tarde desta sexta-feira (30), ele diz ter conversado com cerca de 50 pessoas, mas ninguém ainda havia concordado em pagar R$ 400 ao dia por uma casa localizada a cerca de 600 metros de distância da praia.

A faixa média de preço da diária é de R$ 150 a 200 reais, mas, no Réveillon, sobe para de R$ 400 a R$ 500.

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Dezenas de locadores, como Nelson Lemes, ficam na beira da estrada em busca de alguém interessado em alugar suas casas
Imagem: Fernando Soares/UOL

Procura fraca

O funcionário público municipal Dirlene Gonçalves também tentava fazer negócio nesta sexta-feira. Ele colocou à disposição uma casa de 100 metros quadrados. "É uma grana extra que conseguimos. Mas a procura está fraca, o pessoal está pedindo para baixar mais o preço", diz.

Entre os principais interessados que costumam parar e pedir informações sobre os imóveis, estão os turistas argentinos. Muitos deles deixaram para escolher a hospedagem de última hora, como a dona de casa Carla Sirimarco, que veio com sua família de Concordia, na província de Entre Rios.

"Não temos ideia se os preços estão caros ou baratos. Apenas queremos um lugar cômodo, já que somos muitos", explica. Os Sirimarco enfrentaram 12 horas de viagem de carro ao litoral gaúcho, ao lado de outras duas famílias amigas, totalizando dez pessoas.

Preços do ano passado

A maior parte dos donos de imóveis procurou manter os preços de aluguel praticados no ano passado, tentando resistir às investidas dos potenciais clientes que querem baixar os valores pedidos. Mas há quem tope cortar o lucro para conseguir um acordo.

"Tenho uma casa grande que eu costumava alugar por R$ 500. Agora, dependendo de quantos dias a pessoa quiser, baixo para R$ 400 ou R$ 350", afirma o investidor Nelson Lemes, que aponta o mau momento da economia brasileira como o culpado pela procura reduzida este ano. 

Nem todos acreditam que existe uma crise no setor. "Está difícil de alugar, mas estamos alugando. A crise que falam não afetou em nada não", defende o fotógrafo Thiago Lourenço, que na alta temporada deixa sua profissão de lado para trabalhar com o sogro alugando casas e apartamentos.