Receita faz alerta sobre "golpe do amor" nas redes sociais
A Receita Federal emitiu nesta quinta-feira (2) um alerta sobre o "golpe do amor", aplicado nas redes sociais. Na armadilha, as vítimas recebem instruções de depósitos bancários para terem liberados valores ou encomendas supostamente retidos pelo fisco.
Ao UOL, André Luiz Gonçalves Martins, delegado da Alfândega da Receita Federal do Brasil do aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, explica como o golpe que leva ao relacionamento amoroso é aplicado. "Normalmente, são pessoas se envolvem com outras na internet e a pessoa estrangeira está mandando um presente; a vítima, então, precisa fazer um depósito para liberação", diz o delegado.
Os golpistas criam perfis falsos nas redes sociais, geralmente se passando por estrangeiros em boas condições financeiras e com empregos estáveis. Após se envolverem emocionalmente com a vítima, declaram-se apaixonados e manifestam intenção de casamento, com o envio de volumes contendo presentes diversos, dinheiro em espécie ou documentos do exterior. O envio é feito por de remessa expressa ou postal e até por meio de um viajante.
Após o suposto envio dos presentes, o falso amante alega que os bens foram retidos pela alfândega brasileira e que há necessidade de um depósito em conta de alguém que seria agente da Receita Federal ou de alguma outra pessoa para que haja a sua liberação. Em geral, é fornecida uma conta corrente de pessoa física para o depósito.
Há mais de um mês o perfil de um falso banqueiro suíço, que alegava trabalhar em uma grande instituição financeira do Reino Unido, solicitou amizade com uma mulher de Minas Gerais que prefere não se identificar. Segundo a vítima, o golpista fazia muitos elogios a ela e usava algumas informações que estavam no perfil dela para que o alvo do golpe se envolvesse.
Ao longo das últimas semanas, a mulher conta que o homem disse que viria ao Brasil para conhecê-la, mas antes queria enviar um valor em dinheiro. Segundo ela, o golpista alegou que, por ser funcionário de um grande banco multinacional, faria essa operação através de agente enviado ao país. Em uma mala, a vítima receberia cerca de um milhão de dólares. "Suspeitei desde o princípio e queria ver onde isso ia dar. Entrava no perfil dele e via curtidas de outras mulheres do Brasil e até de outros países, achei esquisito", disse ao UOL.
Quando questionava o golpista sobre qual voo, de qual companhia aérea ou em que aeroporto o tal agente viria, o suposto funcionário da instituição financeira desconversava, mas chegou a mandar imagens com uma mala cheia de dinheiro. Foi quando o homem que estaria encarregado por trazer o valor entrou em contato dizendo que a mulher deveria depositar R$ 4.000.
Desconfiada, ela estou em contato com a Receita Federal nesta quinta-feira (2) e foi alertada sobre a possível fraude. O perfil do golpista no Facebook desfez a amizade, porém ainda segue ativo.
Leia também:
- Família de advogada morta no PR pede acesso a imagens de câmeras de segurança de prédio
- MP fecha clínica de dependentes químicos acusada de agressão, tortura e cárcere privado
- Amante usa corda de lençol para fugir de flagrante e sofre traumatismo craniano
"Recebemos por dia cerca de dez ligações de pessoas que buscam por informação sobre os produtos retidos. Em alguns casos já fizeram o depósito e avisamos que elas caíram em um golpe", diz Martins. Há também casos em que as vítimas ainda não fizeram o depósito e, então, são alertadas sobre a possível fraude.
De acordo com o delegado, para dar mais veracidade, os golpistas chegam a criar sites de empresas de remessas expressas que não existem para que quem caiu no golpe faça o rastreamento do produto supostamente enviado, mostre que o produto está no retido na alfândega e, assim, as vítimas não duvidem dos golpistas.
A Receita Federal adverte que não exige qualquer pagamento em espécie ou por meio de depósito em conta corrente. Todos os tributos alfandegários administrados pelo órgão somente são recolhidos por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf).
Nos casos de encomendas enviadas por remessa expressa, é importante confirmar se a empresa está habilitada no Brasil por meio do site da Receita.
Em caso de dúvidas, o contribuinte pode enviar seu questionamento ou contatar as unidades de atendimento do órgão governamental.
Caso acredite que é vítima de ação fraudulenta ou tentativa de estelionato, é imprescindível que também registre a ocorrência em uma delegacia policial especializada.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.