Bolsonaro pode negociar BPC e baixar para 60 idade para mulher se aposentar
Luis Kawaguti
Do UOL, em Brasília
28/02/2019 13h42Atualizada em 28/02/2019 15h32
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que está disposto a negociar alguns pontos da reforma da Previdência, entre eles baixar a idade mínima para aposentadoria das mulheres de 62 para 60 anos. É a primeira vez que o presidente fala na possibilidade de reduzir a idade mínima após entregar a proposta ao Congresso Nacional.
Bolsonaro também afirmou que pode fazer concessões no BPC (Benefício de Prestação Continuada), que é pago para idosos e deficientes de baixa renda, e na porcentagem da pensão por morte, que poderia passar de 60% para 70%.
"Eu acho que dá para cortar um pouco de gordura e chegar a um bom termo, o que não pode é continuar como está [o déficit na Previdência]", disse.
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As declarações foram feitas durante um café da manhã com jornalistas --além do UOL, participaram Alexandre Garcia e representantes dos seguintes veículos: Globo, Record, RedeTV!, Band, "O Estado de S.Paulo", "Correio Braziliense" e "Valor Econômico". Não foi permitido gravar o encontro.
Segundo assessores, foi um gesto de aproximação com a imprensa solicitado pelo próprio presidente. Durante a conversa, Bolsonaro falou sobre a importância da imprensa para o processo democrático.
Sem 'desfigurar a alma da proposta'
Apesar de se dizer disposto a negociar, o presidente declarou que a essência do projeto não pode ser modificada. Para ressaltar a importância de aprovar a proposta, ele afirmou que, sem ela, haverá muitas consequências negativas para o país, como alta do dólar, queda da Bolsa de Valores, suspensão de pagamento a servidores e enfraquecimento do governo.
"Há interesse de todo mundo em aprovar. O Brasil pode entrar em uma situação muito complicada", disse. "Muita coisa vai ser atenuada aí, mas não vai desfigurar a alma da proposta. E tem que haver [a reforma]. Não queremos passar pelo que a Grécia passou, ou Portugal."
Recebeu pedido de ministério
O presidente não quis falar sobre a base de apoio ao governo para aprovar a reforma no Congresso, e disse apenas que o apoio está sendo construído. Ele disse que vem se reunindo com parlamentares e que, até agora, "só dois ou três" falaram em cargos, mas afirmou ter deixado claro que não haverá negociação de cargos ou "toma lá dá cá".
Sem dar nomes, afirmou aos jornalistas que recebeu um pedido de ministério, mas que cortou logo a conversa e disse, em tom irônico, que ofereceria a pasta da Economia se o interlocutor encontrasse alguém mais capacitado que o ministro Paulo Guedes.
Segundo Bolsonaro, todo seu ministério foi escolhido com base em critérios puramente técnicos, e não políticos.
Desafios para aprovar a reforma
O trâmite da reforma da Previdência no Congresso trará desafios políticos importantes para o governo. Entre eles estão a escolha de presidente das comissões permanentes e especial e a necessidade de 308 votos na Câmara e 49 no Senado, além das pressões da oposição e de categorias contrárias às mudanças constitucionais.
Entre os pontos mais polêmicos, que devem enfrentar resistência dos parlamentares, estão justamente o BPC para idosos e a pensão por morte.