País tem porco suficiente e não precisa importar dos EUA, dizem produtores
Associações de suinocultores do país demonstram irritação e preocupação com a possibilidade de o Brasil abrir o mercado para a importação de carne suína dos EUA em contrapartida à negociação para voltar a exportar carne in natura para os americanos.
"O setor está sendo usado indevidamente como moeda de troca. É um equívoco grande porque temos produção suficiente e viemos de um 2018 de muitas dificuldades, com o embargo da Rússia, nosso então maior importador", disse Valdecir Folador, presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul. A região Sul é a maior produtora e exportadora.
Negociação da ministra com EUA preocupa
Marcelo Lopes, presidente da ABCS (Associação Brasileira de Criadores de Suínos), disse estar preocupado com a negociação iniciada durante viagem da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, aos Estados Unidos.
Segundo ele, o setor tem oferta de carne suficiente a preços acessíveis ao consumidor, exporta 21% de sua produção, emprega mais de 126 mil trabalhadores diretos e 923 mil indiretos e movimenta mais de R$ 149 bilhões por ano.
Porcos nos EUA têm doenças inexistentes no Brasil
Além disso, a importação, disse Lopes, esbarraria na questão sanitária, já que o Brasil é livre de pelo menos duas doenças virais de alto impacto produtivo presentes no rebanho norte-americano: a PED (Diarreia Epidêmica dos Suínos) e a PPRS (Síndrome Respiratória e Reprodutiva dos Suínos). O dirigente solicitou ao ministério que a ABCS seja convidada para as discussões técnicas do assunto.
Para o presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos, Losivanio Luiz de Lorenzi, essa negociação faz parte do jogo de abertura de mercados, mas a importação não é viável porque, além da questão sanitária, o custo de produção da carne suína americana é mais alto.
Na opinião dele, as empresas brasileiras que exportam a carne suína para mais de 90 países vão se opor à entrada no mercado interno de carne dos EUA sem a reciprocidade.
Produtores também querem exportar para os EUA
A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), que reúne as indústrias, disse que o setor de suínos do Brasil espera reciprocidade de tratamento com a autorização para todos os estados brasileiros exportarem carne suína para os EUA.
A visita dos inspetores americanos às unidades brasileiras para exportação da carne bovina foi marcada para 10 de junho. Na semana passada, o Ministério da Agricultura informou que não houve avanços na questão da contrapartida.
Brasil é o 4º maior exportador de porco
O Brasil é o 4º maior produtor e 4º maior exportador de carne suína do mundo. Santa Catarina, com 8.000 produtores e único estado livre de vacinação contra aftosa, lidera o ranking brasileiro de exportação, com 53%.
Segundos dados do MDIC (Ministério da Economia, Indústria Comércio Exterior e Serviços), o país exportou no ano passado 550,4 mil toneladas, ante as 592,6 mil de 2017, com uma receita de US$ 1,07 bilhão. O maior comprador foi a China, com 28%, seguida por Hong Kong (20%).
No primeiro bimestre deste ano, as exportações subiram 5,4% em volume, mas caíram 2,5% em receita na comparação com o mesmo período de 2018. Segundo os produtores, a tendência é haver um aumento com as compras mais volumosas da China devido à epidemia que eliminou 16% do plantel chinês.
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