Vale prepara estudo e nega que faça hoje venda que sonegue imposto
Resumo da notícia
- UOL apresentou estudo revelando prática que permite Vale "driblar" impostos do Brasil
- Vendas à Ásia passavam pela Suíça, e de lá eram repassadas com menos taxas
- Mineradora apresenta resumo de estudo que está preparando e rebate afirmações
A Vale prepara um estudo técnico para tentar provar que não sonega impostos por meio de exportação fake para seu escritório na Suíça. Reportagem do UOL mostrou que a mineradora deixou de pagar pelo menos R$ 23 bilhões em tributos entre 2009 e 2015, de acordo com análise técnica do IJF (Instituto de Justiça Fiscal).
A Vale vende o minério de ferro com preço inferior ao escritório na Suíça e o revende a preços de mercado para seus clientes na China e no Japão. Essa triangulação - chamada de "preço de transferência" - faz a mineradora economizar impostos de forma suspeita, de acordo com o IJF. A Receita Federal investiga o caso.
A assessoria da Vale enviou à reportagem um resumo de cinco páginas de um estudo que ela encomendou à LCA Consultores e ao economista Bernard Appy, ex-secretário-executivo e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
Em entrevista ao UOL, Appy diz que, atualmente, a mineradora não pratica sonegação nem a chamada "fuga de capitais". "Do que é hoje, não há", afirmou ele. "Não avaliei do jeito que era antes. Avaliei do jeito que era hoje."
"O que eles [Vale] estão fazendo aqui seria feito em qualquer país da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), pelas regras de preço de transferência", disse Appy.
O resumo do futuro estudo da Vale afirma que "a metodologia empregada pelo estudo do IJF para avaliar o preço de exportação do minério de ferro conta com falhas metodológicas relevantes". A mineradora se diz em conformidade com os preços de exportação do Brasil e também os internacionais. Não há data para conclusão do trabalho.
A Vale afirma ainda que o instituto não considerou os custos do transporte, embora esses custos estejam estão listados no estudo. Também diz que foi ignorada a taxa de intermediação cobrada por seu próprio escritório na Suíça, o bônus pago pela melhor qualidade do minério brasileiro e mudanças nas cotações ao longo dos anos.
O economista Guilherme Morlin, que fez o estudo para o IJF, disse ao UOL que o bônus "não foi levado em conta, fazendo a estimativa mais conservadora". Em nota, o IJF afirmou que os preços foram considerados mês a mês. E disse que ignorou os gastos com intermediação porque eram operações entre filiais.
"A empresa Vale não contesta que exista diferença substancial entre os preços praticados com sua subsidiária e os preços finais dos produtos no país de destino", afirma uma nota da entidade feita como contraponto ao sumário preparado pela mineradora.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.