Por dívida do governo, centro e direita querem atrasar pautas de Bolsonaro
Resumo da notícia
- Partidos de centro e de direita dizem que o governo prometeu R$ 3 bilhões em emendas em troca de apoio à Previdência
- Como o governo não teria pago tudo, agora eles ameaçam atrasar a tramitação das novas reformas de Guedes
- Oficialmente, o governo diz que se baseia em critérios técnicos para liberar emendas e cargos
- Presidente da Câmara também deve dificultar avanço das reformas
Lideranças de partidos de centro e de direita devem dificultar a tramitação e a aprovação do pacote de reformas econômicas proposto por Jair Bolsonaro (PSL) e Paulo Guedes, ministro da Economia. Isso porque cobram que o governo quite antes o pagamento integral de R$ 3 bilhões em emendas negociados para conseguir a aprovação da reforma da Previdência.
Segundo relato ao UOL de articuladores de PSL, PP, Podemos, PRB e DEM, o valor ainda não foi pago integralmente pelo governo. Em razão disso, parte dessas bancadas vai atuar para barrar o avanço de projetos propostos pelo governo. Uma dessas pautas é a reforma administrativa, que deve chegar à Câmara nas próximas semanas. O governo ainda tem interesses em projetos sobre armas e prisão em 2ª instância.
Já as PECs do pacto federativo e da emergência fiscal tramitam no Senado e podem sofrer resistência na Câmara, caso a situação com o governo não se resolva até os projetos chegarem aos deputados.
A oposição deve se unir a esses partidos por ser contrária às reformas. Com isso, aumenta a dificuldade de articulação do governo, que praticamente não tem base no Congresso.
Oficialmente, a Secretaria de Governo, responsável pela articulação política, diz que não há atrasos e que a gestão Bolsonaro segue cronogramas de pagamentos e se baseia em critérios técnicos para liberação de emendas e nomeação de cargos.
"Tivemos um trabalho enorme para aprovar a Previdência e a liberação de novos recursos, mas agora o dinheiro não cai. Não existe possibilidade de falar de novas reformas se nem o que foi combinado foi pago", disse uma liderança do centrão.
Reforma administrativa
Guedes se reuniu ontem (12) com líderes do centro e da direita na Casa para apresentar a proposta de reforma administrativa, que deve realizar mudanças profundas nas regras para o funcionalismo público.
A pauta deve ser entregue na próxima semana. Além da obstrução anunciada pelos descontentes, ela deve enfrentar outra dificuldade. Há meses o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defende que a prioridade dos deputados deve ser a reforma tributária, que já tramita na Câmara.
O governo Bolsonaro negociou com lideranças do centrão uma verba de R$ 3 bilhões em troca de apoio para aprovar a reforma da Previdência na Casa em segundo turno. Os valores são liberados para bases eleitorais indicadas pelos parlamentares via ministérios como Saúde, Infraestrutura e Agricultura, entre outros.
'Bancada dos insaciáveis'
Dentro do Congresso e no Planalto, no entanto, há relatos de que as cobranças dos recursos são feitas pela 'bancada dos insaciáveis' para pressionar o governo.
Uma fonte do Planalto a par dessas liberações de recursos contou que o dinheiro já foi liberado para siglas que, em sua maioria, votaram pela Previdência. Foram contemplados MDB, Podemos, DEM, PSD, Avante, PP, PSC, entre outros. Segundo este relato, de fato, o PSL ainda não recebeu o que foi acordado. As negociações giraram em torno de R$ 10 milhões por ano para cada deputado pró-Previdência.
O ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), que cuida da articulação política, assumiu a 'dívida' criada por Onyx Lorenzoni (Casa Civil) durante as negociações da Previdência.
O novo líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), não se envolve no assunto e disse que assumiu o posto após as negociações e a aprovação da Previdência. Ele afirma que o tema é tratado pelas lideranças de Câmara e Senado. Assim como Gomes, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO) também diz que não está a par das negociações.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.