Empresários pedem liderança do governo na crise e mais doações da sociedade
O governo federal deve coordenar as ações e "dar exemplo" contra o coronavírus para evitar quebradeira na economia, e as pessoas com condições precisam "botar a mão no bolso" e fazer mais doações. Os apelos foram feitos por grandes empresários brasileiros em um debate online, transmitido em vídeo por cerca de duas horas na tarde neste domingo (22).
Benjamin Steinbruch, CEO do grupo Vicunha, disse que "o ideal seria haver um alinhamento entre governo federal, estados e municípios. Mas, na impossibilidade, a federação deve dar o exemplo, e os estados vão seguir". Rubens Menin, cofundador da construtora MRV e um dos donos da CNN Brasil, disse que as iniciativas "têm de ser de cima para baixo, a coordenação tem de ser do governo federal, não do município ou Estado. Não pode fazer bagunça." Tem havido polêmicas por causa de decisões isoladas de fechamento de comércio e outras atividades nos municípios.
Menin também pediu que as pessoas com dinheiro façam mais doações. "No Brasil, doamos apenas 0,2% do PIB [Produto Interno Bruto]. É ridículo, precisamos doar mais. Vamos botar a mão no bolso, tá na hora da virada", declarou.
O debate virtual foi organizado pela empresa de mercado financeiro XP para debater saídas para manter a economia e o emprego durante a crise. Participaram também Pedro Guimarães (presidente da Caixa Econômica Federal), Andre Street (cofundador da rede de máquinas de cartão Stone), Wilson Ferreira Júnior (presidente da Eletrobras), Guilherme Benchimol (fundador da XP), Rafael Furlanetti (XP), Marcos Ross (XP) e Pedro Mesquita (XP). Segundo a XP, a audiência foi de 10 mil pessoas, capacidade máximo para um canal da ferramenta de transmissão do debate.
Ajuda sem burocracia a pequenas empresas
Benjamin Steinbruch pediu ao presidente da Caixa que haja liberação de capital de emergência, principalmente para pequenas e médias empresas. "Para conseguir manter emprego, pagar conta luz etc. Isso daria um gás imediato a empresários", disse.
Ele falou que é importante reduzir a burocracia. "Não adianta ter a iniciativa [de liberar crédito] e exigir aval de bancos privados e outras garantias. Que, pelo menos nesses 90 dias, haja facilidades [para empresários conseguirem financiamento]."
Ele pediu "calma e serenidade para tentar minimizar efeitos da crise. A coisa vem grave, vem muito feia. Não temos de alarmar antes, mas temos de alertar, de estar preparados para uma situação de pelo 90, 120 dias."
Plano estruturado para evitar o caos
Andre Street, da Stone, disse que é "preciso ter um governo com um grande cheque, um grande plano estruturado, numa analogia ao plano Marshall (conjunto de medidas dos EUA para recuperação econômica global após a Segunda Guerra Mundial)".
Ele falou que é necessário também "ter um plano estruturado em cada empresa, olhando para a saúde primeiro, o que é risco e o que não é, região por região. Transmitir planos estruturados nessa hora de caos, quando as pessoas têm aflições de fundo psicológico, ajuda a acalmar, para as pessoas fazerem as coisas certas".
Street afirmou que o setor de cartões, com muito relacionamento com comerciantes, está aberto a decisões do governo e pode fazer empréstimos subsidiados ao setor comercial.
Ele também pediu que a sociedade colabore. "As pessoas precisam ter iniciativa, não se vitimizar e não ficar com muito mimimi", declarou.
Construção vai ajudar na economia
Rubens Menin, da MRV, disse que é importante preservar o setor de construção porque é importante o fortalecimento da economia. "Não pode quebrar espinha dorsal desse segmento, é muita gente, muito emprego. Tenho certeza de que é um setor que vai sustentar a atividade econômica do país.
"Precisa ter fé e coragem, não pode esmorecer, vamos para frente", pediu.
Presidente da Caixa defende ação rápida
Pedro Guimarães, da Caixa, disse que a crise vai aumentar se houver agilidade. "Amanhã vou conversar com o ministro [Paulo Guedes]. Cada dia a gente vai conversando. É uma crise que, se a gente não for muito rápido, ela pode ser muito maior."
Ele citou a crise global de 2008. "Vi o que pode acontecer se não houver ação rápida."
Guimarães disse que o banco tem um papel social, "A Caixa vai ajudar, vamos fazer mais do que o possível para ajudar. Neste momento, a prioridade é a caixa como banco social, faremos esse uso consciente [do dinheiro][ para atenuar o problema que virá."
Veja mais alguns destaques do debate:
- Dinheiro que será liberado:
R$ 40 bilhões para capital de giro
R$ 5 bilhões para Santas Casas
R$ 30 bi para compra de carteiras de negócios de bancos médios (isso ajuda os bancos a não quebrarem)
- Caixa vai reduzir juros de cheque especial e cartão
- Banco também dará dois meses de adiamento automático do vencimento de todas as linhas de crédito
- Caixa fará mais anúncios de medidas para ajudar a economia nesta semana
- Caixa está operacionalmente pronta para executar todos os pagamento de FGTS pelo celular
- Stone apresentou a ideia de liberar dinheiro rapidamente:
Caixa e empresas de máquinas de cartão poderiam se unir para injetar capital do governo no mercado, com carência de 1 ano e mais 3 anos para pagar. Caixa disse que existe uma discussão neste momento sobre esse tipo de plano.
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