Custo econômico de pandemia é maior sem isolamento social, conclui estudo
As medidas de isolamento social tomadas pelos governos para conter a pandemia do coronavírus impactam a economia. Mas o custo final do isolamento é menor do que o de permitir a atividade econômica e deixar a doença se alastrar. Essa é a conclusão de uma análise que comparou cinco estudos realizados em diferentes países.
Segundo o economista Vitor Kayo, da MCM Consultores, responsável pela análise comparativa, a política de isolamento social pode aprofundar, no curto prazo, a recessão econômica causada pela pandemia, mas há evidências de que os benefícios econômicos no longo prazo mais do que compensam os custos.
De modo geral, o Brasil iniciou as medidas de isolamento social relativamente cedo e, em termos econômicos, isso pode ser uma vantagem no pós-pandemia. Evidentemente, isso depende de as medidas serem eficazes para minorar a mortalidade e de uma estratégia de saída do distanciamento social bem elaborada pelas autoridades competentes.
Vitor Kayo, economista da MCM
Veja abaixo as conclusões de cada um dos cinco estudos.
'Valor' das vidas poupadas
Um estudo feito pelos pesquisadores Michael Greenstone e Vishan Nigan, da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, calculou que a sociedade atribui um valor de US$ 8 trilhões para as vidas poupadas com o isolamento sociai.
Nos Estados Unidos, segundo eles, a medida pode salvar 1,76 milhão de pessoas.
Conter o pico de infectados no Brasil
Os pesquisadores Saulo B. Bastos e Daniel O. Cajueiro, da UnB (Universidade de Brasília), concluíram que o isolamento social no Brasil precisa ser mantido até 9 de junho de 2020 para que o pico da taxa de infectados caia de 31,6% (cenário sem isolamento) para 17,1% (menor valor possível).
Se o isolamento for encerrado antes, de acordo com eles, praticamente não haverá diminuição no pico.
O que teria acontecido na China sem a quarentena
Se a cidade de Wuhan, na China, não tivesse adotado a quarentena, os casos da covid-19 seriam 65% maiores em 347 cidades chinesas fora da província de Hubei, onde fica a cidade, e 53% maiores nas 16 cidades dentro de Hubei (fora Wuhan).
Foi em Wuhan que apareceram os primeiros casos do novo coronavírus no mundo, e o local se tornou o epicentro da doença.
A conclusão é de um estudo publicado por Hanming Fang, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, Long Wang, da Universidade de Tecnologia de Xangai, na China, e Yang Yang, da Universidade de Hong Kong.
Mais trabalhadores saudáveis
O isolamento social nos EUA diminui o pico da taxa de infectados de 4,7% para 2,5% e fez a taxa de mortalidade cair de 0,4% para 0,26%, segundo um estudo de Martin S. Eichnbaum e Sergio Rebelo, da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, e Mathias Trabant, da Universidade de Berlim, na Alemanha.
No curto prazo, diz a pesquisa, há uma forte queda no consumo. No pior momento da crise, a queda semanal passa de 17% para 27%.
Mas, no longo prazo, a recuperação da economia é mais robusta, uma vez que há menos mortes e um maior número de trabalhadores saudáveis, afirma o estudo.
Lições da gripe espanhola
Um estudo de Sergio Correia, do conselho de diretores do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Stephan Luck, do Fed de Nova York, e Emil Verner, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), apontou que, durante a pandemia de gripe espanhola, no início do século 20, intervenções não farmacêuticas, como isolamento social, atenuaram a disseminação e a mortalidade do vírus nos EUA.
No longo prazo, o isolamento teria potencial para ajudar na recuperação econômica, já que, após a gripe espanhola, cidades que adotaram as medidas mais cedo tiveram um aumento de 5% no emprego em relação àquelas que não anteciparam as medidas.
Além disso, as cidades que prolongaram o isolamento tiveram um aumento de 6,5% no emprego em relação às que não o prolongaram.
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