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Oferta de crédito para pequena empresa e famílias cairá com a crise, diz BC

Antonio Temóteo

Do UOL, em Brasília

29/04/2020 10h34

O BC (Banco Central) informou que a oferta de crédito para pequenas e médias empresas e para as famílias cairá com a pandemia do coronavírus. Antes da crise, a expectativa era de crescimento. O BC espera um aumento das renegociações de dívidas, da inadimplência e do número de dívidas consideradas problemáticas nesses dois grupos.

Os dados fazem parte do Relatório de Estabilidade Financeira, publicado hoje. Segundo o BC, com a redução das vendas e do faturamento, as pequenas e médias empresas precisarão reestruturar as dívidas.

"A intensidade e uma eventual persistência do agravamento das condições de emprego e renda em 2020, em decorrência da covid-19, podem provocar mudanças importantes na demanda e na oferta de crédito às famílias. A exemplo das pequenas e médias empresas, haverá aumento das reestruturações de dívidas e elevação da inadimplência e dos ativos problemáticos nos próximos semestres, podendo superar o pico observado em 2016", informou o relatório.

Dados do BC mostram que o total de empréstimos para pequenas e médias empresas cresceu 9,2% em 2019. No ano passado, as linhas de crédito que mais cresceram para esse grupo foram o capital de giro e o financiamento de veículos, especialmente para caminhões novos.

"Tais expectativas de crescimento do crédito bancário livre de pequenas e médias empresas e de continuidade de crescimento do mercado de capitais, contudo, devem ser significantemente alteradas por conta dos impactos da crise relacionada à covid-19, cujos efeitos sobre a economia ainda são desconhecidos", informou o BC.

Necessidade de aumento das reservas

De acordo com o BC, os bancos teriam que realizar um "aumento expressivo" nas reservas para cobrir calotes para conseguir fazer frente as riscos. Esse aumento nas reservas comprometeria a capacidade dos bancos de sustentar o crescimento econômico.

Teste de estresse feito pelo BC apontou que os bancos teriam de aumentar seu capital em cerca de R$ 70 bilhões para voltarem a se enquadrar nas exigências regulatórias. O valor representa 7,2% do patrimônio de referência do sistema financeiro nacional.

"Se, por um lado, o teste de estresse específico demonstrou que o sistema tem capacidade de recompor os níveis mínimos de capital, por outro, devido ao volume de provisões que seriam necessárias, a capacidade de o sistema gerar novos créditos e sustentar o crescimento da economia ficaria temporariamente comprometida", afirmou o BC no relatório.

"Considerando a rentabilidade em períodos de crises anteriores, seriam necessários três anos para o sistema recompor sua atual capacidade."

O BC ponderou que o teste "deve ser relativizado", uma vez que não considerou fatores como a reação dos bancos para mitigar perdas nem tampouco a retenção de lucros futuros.

(Com Reuters)

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