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Coronavírus: Economia está começando a colapsar, afirma Paulo Guedes

Do UOL, em São Paulo

07/05/2020 12h19Atualizada em 07/05/2020 17h18

A economia brasileira já sente os efeitos do novo coronavírus e está começando a colapsar. A avaliação foi feita hoje pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em encontro no Supremo Tribunal Federal que reuniu o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente do STF, Dias Toffoli, empresários e outros ministros.

Na reunião, Bolsonaro voltou a criticar governadores e prefeitos. Segundo ele, "alguns estados foram um pouco longe nas medidas restritivas".

"As consequências estão batendo à porta de todos. Autônomos perderam ou tiveram a renda reduzida. Quem tem carteira assinada, está batendo na casa de 10 milhões de desempregados. Este número tende a crescer. Por isso, esse grupo de empresários nos trouxe essa preocupação", disse o presidente.

"Quando o Paulo Guedes fala de Venezuela, ele não fala do regime, fala da economia. Chegou a um ponto lá que fica difícil recuperar. Nós, chefe de executivo, de poderes... Sei que o Toffoli toma medidas que ele de um lado e de outro vai sofrer críticas, e mesmo assim ele tem a coragem de decidir. Assim é comigo no Executivo. A coragem que temos de enfrentar é que pode evitar que o país mergulhe numa crise que dificilmente sairá dela."

Em sua explanação, Guedes argumentou que as medidas emergenciais adotadas durante a pandemia podem não se sustentar a médio prazo.

"Nós conseguimos, através de várias medidas, preservar vidas, mas também preservar empregos. Enquanto lá fora temos notícias que os EUA demitiram, preservamos mais de cinco milhões de empregos. Lançamos o programa de auxílio emergencial para preservar os sinais vitais da economia. Ainda está funcionando por essa proteção", disse o ministro.

"A informação que nós tivemos é que, embora tenhamos lançado dois ou três meses de proteção, talvez os sinais vitais não sustentem por tanto tempo. Talvez vamos ter um colapso antes. Quando a indústria nos passou esse quadro, estamos sempre em contato, sempre disseram que conseguiram preservar os sinais vitais. Mas agora nos disseram que está difícil. A economia está começando a colapsar. Não queremos virar a Venezuela e nem a Argentina", acrescentou.

Ao longo da reunião, Bolsonaro ouviu representantes do empresariado — segundo ele, o setor representa mais de 40% do PIB e 30 milhões de empregos no país. Embora tenha reforçado o discurso de cuidados contra o coronavírus, lembrou as preocupações com as "aflições" apresentadas pelos empresários.

Entre os números apresentados na reunião, foram citadas 65 fábricas paradas no setor automotivo e 47% empresas fechadas no setor de máquinas e equipamentos. A ideia, segundo representantes presentes, era flexibilizar as restrições na indústria, com a promessa de adoção de todo o protocolo sanitário.

"Os empresários trouxeram pessoalmente essas aflições, que é a questão do desemprego, de a economia não funcionar. Os efeitos não podem ser mais danosos que a doença", repetiu Bolsonaro. "Economia também é vida. Não adianta ficar em casa e, quando sair, não ter nada para comprar nas prateleiras. Seremos esmagados por isso", acrescentou.

"Queremos colocar o Brasil no lugar que merece no mundo. Não podemos perder a liberdade no Brasil. Não podemos, mais cedo ou mais tarde, assistir saques, manifestações populares em situações sequer próximas a essa. As medidas tomadas é o que está mantendo a população em um equilíbrio de razão acima de emoção. Todos nós com o mesmo propósito, o mesmo ideal. Preocupados com a vida, mas a questão do emprego, da economia, isso também é vida", declarou ainda o presidente da República.

Mais tarde, Toffoli declarou que já mantém conversas com Bolsonaro para haja "um planejamento organizado" para a retomada das atividades econômicas.

"Já conversei com o presidente que seja um planejamento organizado para a volta. É isso que eu penso que o Executivo, conversando com representantes de estados e municípios, talvez um comitê de crise, para junto com o empresariado, com os trabalhadores, repensem em traduzir em realidade esse anseio, que é de trabalhar", disse o presidente do STF.

"O Brasil é uma das sociedades mais complexas do mundo. São poucos países que têm o parque industrial que temos. Produzimos do brinquedo ao aço. Do parafuso ao foguete."

"Penso que é importante o diálogo. As pessoas estão saindo às ruas. Tem que ter essa saída de uma maneira organizada. É fundamental uma conversa com estados e municípios. Essa coordenação é fundamental para esse tipo de situação. Já passou dois meses e temos que pensar esse momento", acrescentou Toffoli.

Veto a aumento de salário do funcionalismo

O ministro da Economia também disse que pediu ao presidente Bolsonaro que vete o aumento salarial de categorias do funcionalismo público.

"Vamos pedir que se vete o aumento de salários até dezembro do ano que vem. A contribuição do funcionamento que pedimos é só não pedir aumento por um ano e meio. Liberamos R$ 60 bilhões na veia para estados e município. Se não tiver aumento este ano e ano que vem são mais R$ 130 bilhões", afirmou Guedes. "A opinião pública brasileira pede essa colaboração. Vai faltar dinheiro para a saúde depois. Na hora de uma crise como essa, a pergunta é: qual sacrifício ou contribuição podemos dar? Não ver que o gigante caiu e ver o que pode tirar dele?"