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Maia diz ser provocação fala de Bolsonaro para cortar salários de deputados

21.mai.2020 - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) - Dida Sampaio / Estadão Conteúdo
21.mai.2020 - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) Imagem: Dida Sampaio / Estadão Conteúdo

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

10/06/2020 18h40

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou hoje que a fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em defesa do corte de salários de senadores e deputados federais para a continuidade do auxílio emergencial de R$ 600 à população de baixa renda foi uma "provocação", ainda que democrática.

Isso porque Maia acredita que Bolsonaro sabe que apenas o corte nos rendimentos dos parlamentares não é suficiente para cobrir o orçamento necessário à prorrogação do auxílio. A ajuda da União em meio à pandemia deve ser estendida por mais dois meses, além dos três iniciais. A dúvida hoje é quanto ao valor do auxílio. O governo prefere que cada nova parcela seja reduzida para R$ 300, enquanto o Congresso tende a defender a manutenção de R$ 600.

"Ele fez a provocação, democrática: 'olha, dou mais dois [meses] de R$ 600, até de R$ 1 mil, se cortar o salário dos deputados'. É claro que foi uma provocação, porque claro que o presidente sabe que os custos de dois meses [de auxílio] são de R$ 100 bilhões e o salário dos deputados por 13 meses, com 13º [salário], sai R$ 220 milhões", disse Maia.

Ontem, Bolsonaro declarou que "tem parlamentar que quer R$ 600. Se tirar dos salários dos parlamentares, tudo bem, por mim eu pago até R$ 1 mil."

Rodrigo Maia defendeu economias no Parlamento e concordou ser preciso buscar recursos para que não se aumente a dívida pública, mas ressaltou que, perante os R$ 100 bilhões que diz serem necessários para bancar a extensão do auxílio, cortes no Parlamento geram efeitos muito pequenos.

Segundo o presidente da Câmara, a mão de obra do Poder Executivo custa R$ 170 bilhões, enquanto a do Judiciário com o Ministério Público custa R$ 25 bilhões e a do Congresso, R$ 5 bilhões.

"Não pode ser 30% a 40% [de redução], como alguns falam. Teria que ser um valor menor e prazo maior de contribuição. Precisaria ser de todo mundo para poder completar os R$ 100 bilhões. Senão vai faltar R$ 99,8 bilhões. Vai faltar um pouquinho só, né? Parece que é muito", falou.

Ele defendeu compreender a possibilidade de corte temporário de salários de servidores públicos que recebem acima de R$ 15 mil, sem alterações para áreas diretamente ligadas ao enfrentamento da pandemia do coronavírus, como da saúde.

Em sua avaliação, o clima hoje na Câmara é pela aprovação de mais duas parcelas de R$ 600, porém, disse que os parlamentares estão prontos para debater o valor com o governo. "Não estamos aqui querendo derrotar o governo", disse.

Apesar da crítica à declaração de Bolsonaro, com quem tem apenas um relacionamento institucional necessário, Maia disse não poder reclamar do presidente e falou ser "otimista" quanto a esperar uma relação harmoniosa entre os Três Poderes.

"De vez em quando ele [Bolsonaro] vai numa entrevista e bate. Tento controlar, não responder da mesma forma. [...] Acho que os últimos dias foram melhores. Espero que assim sejam as próximas semanas e meses", afirmou.

As declarações foram dadas em transmissão ao vivo nas redes sociais da apresentadora Leda Nagle.