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Inflação dos mais pobres acelera mais que a oficial; óleo sobe 51% no ano

Adriano Ishibashi/Framephoto/Estadão Conteúdo
Imagem: Adriano Ishibashi/Framephoto/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

09/10/2020 12h12

Puxada novamente pela alta nos preços dos alimentos, a inflação para famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos chegou a 0,87% —o maior resultado para o mês desde 1995 (1,17%). A alta acumulada em 2020 é de 2,04%, e, em 12 meses, de 3,89%. A inflação é medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A inflação das famílias de baixa renda superou a inflação oficial, mais ampla, que leva em conta famílias com renda de um a 40 salários mínimos. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 0,64% em setembro, o maior para o mês desde 2003, também puxado pelos alimentos.

Óleo, arroz e feijão puxam a fila

No INPC de setembro, o grupo de alimentação e bebidas teve alta de 2,63%, superando altas em artigos de residência (0,97%) e transportes (0,69%).

Dentre os itens que ficaram mais caros no mês, destacam-se:

  • Óleo de soja: 27,74%
  • Feijão macáçar/fradinho: 20,58%
  • Arroz: 17,89%
  • Limão: 11,94%
  • Tomate: 11,41%

No acumulado de 2020, destacam-se:

  • Feijão macáçar/fradinho:70,03%
  • Óleo de soja: 51,35%
  • Limão: 51,35%
  • Manga: 45,1%
  • Arroz: 40,48%
  • Cenoura: 36,27%

A alimentação no domicílio subiu 3,18% no mês, enquanto a alimentação fora de casa teve alta de 0,86%.

Por que os preços dos alimentos estão disparando?

O dólar alto faz com que muitos produtores prefiram exportar os produtos, ganhando em dólar, a vender no mercado interno. Para se ter uma ideia, em agosto do ano passado, o dólar rondava os R$ 4. Hoje, a moeda norte-americana passa dos R$ 5. Só em 2020, a moeda já se valorizou quase 40%.

Com menos oferta de alimentos no mercado doméstico, os preços aqui sobem.

O dólar alto também encarece a produção de alguns alimentos porque alguns insumos, como fertilizantes, são importados.

Além disso, a pandemia do novo coronavírus mudou os hábitos de consumo dos brasileiros. Por causa do isolamento social, houve redução no consumo de alimentos fora de casa e, consequentemente, aumentaram as compras para consumo na residência.

Isso foi reforçado também pelo auxílio emergencial de R$ 600, pago pelo governo. Os recursos foram direcionados, em geral, para a população mais pobre, que concentra mais suas compras em produtos básicos, como alimentos.

O governo prorrogou o auxílio até o final do ano, mas cortou o valor pela metade (R$ 300) e restringiu o acesso a ele.