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Forte calor mata galinhas, e preço dos ovos sobe 10% em granjas de SP

Arquivo pessoal/Sérgio Kakimoto
Imagem: Arquivo pessoal/Sérgio Kakimoto

Marcelo Casagrande

Colaboração para o UOL, em Araçatuba (SP)

08/10/2020 04h00Atualizada em 08/10/2020 09h20

O forte calor registrado nas últimas semanas no interior de São Paulo - acima de 41 ºC em diversos dias - tem provocado a morte de milhares de galinhas poedeiras em Bastos, no oeste paulista. O preço do ovo subiu cerca de 10% nesta semana nas granjas da cidade, e o reajuste deve chegar ao consumidor final na segunda quinzena de outubro.

O que acontece em Bastos tem reflexo em centenas de cidades paulistas. O município é o maior produtor de ovos do estado de São Paulo, com 36% do total, segundo a secretaria estadual de Agricultura e Abastecimento. No ano passado, foram produzidos cerca de 673 milhões de dúzias nas granjas da cidade.

O Sindicato Rural de Bastos não se posiciona oficialmente sobre o volume de mortes provocadas pelo calor na microrregião, mas o UOL apurou com fontes do setor que cerca de 500 mil aves já morreram em 2020 por causa das altas temperaturas no segundo semestre.

"O forte calor faz com que a ave entre em desequilíbrio metabólico. Como ela não consegue perder temperatura, o sistema cardiorrespiratório fica sobrecarregado até que o animal morre", explica Marcos Buin, médico veterinário e pesquisador do Instituto Biológico do Estado de São Paulo.

O pesquisador diz ainda que, mesmo que o animal sobreviva, a produtividade diminui e o tamanho dos ovos também fica menor.

"Com a alteração do metabolismo, a galinha não consegue consumir o que precisa de ração. A produtividade cai", diz Buin.

Só 2012 foi pior

Forte calor mata galinhas em Bastos (SP), e preço dos ovos sobe 10% em granjas do estado - Arquivo pessoal/Sérgio Kakimoto - Arquivo pessoal/Sérgio Kakimoto
Imagem: Arquivo pessoal/Sérgio Kakimoto

Na granja da família Kakimoto, que produz 1,3 milhão de dúzias por mês, a queda na produção diária foi de cerca de 20% em outubro. Do total de 800 mil aves poedeiras, cerca de 50 mil morreram nos últimos sete dias.

"Nunca vivenciamos temperaturas tão altas como as de agora. Esse é o segundo pior cenário climático da década para os produtores da cidade. Só perdeu para o de novembro de 2012", afirma o avicultor Sérgio Kakimoto.

Preço em alta

O índice de preços de ovos levantado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) revela que o mês de abril foi de recorde anual, quando o preço da caixa com 30 dúzias atingiu a marca de R$ 116,85, em Bastos. Nos meses seguintes, houve queda por causa do aumento da oferta.

Mas, na virada do calendário para outubro, tudo começou a mudar. Até a semana passada, a caixa era vendida a R$ 85,57. Agora, a média é de R$ 94,00. A tendência é que o preço suba ainda mais nas próximas semanas, por causa da queda na produção e do aumento do consumo por parte das indústrias de alimentos. Essa busca maior ocorre em razão dos preparativos para o Natal.

Segundo especialistas, o preço só vai parar de subir com uma trégua do calor. Mas, se continuar quente em São Paulo e outros estados produtores, como Mato Grosso, o preço médio pode subir mais de 70%.

Alta para o consumidor final

Como a alta na granja se deu nesta semana, o consumidor final que compra no supermercado só vai sentir o reajuste próximo ao dia 20.