Suspeito de operar esquema de pirâmides é preso; prejuízo é de R$ 170 mi
A Polícia Civil do Rio prendeu hoje o dono da empresa JJ Invest, Jonas Jaimovick, suspeito de ser o responsável por um dos maiores esquemas de pirâmide financeira já realizadas no país. De acordo com a Delegacia de Defraudações, responsável pelas investigações, o prejuízo dos investidores é de aproximadamente R$ 170 milhões. Ele era considerado foragido desde 2019, quando teve prisão decretada.
"Somente na sede da Delegacia de Defraudações, onde foram ouvidas cerca de 60 vítimas, calcula-se que o prejuízo dos investidores/vítimas de aproximadamente de R$ 30 milhões", disse a Polícia.
No inquérito que apura o caso, outras oito pessoas foram indiciadas por participação direta no esquema e obtenção de lucro com a pirâmide financeira.
Os lucros oferecidos aos investidores eram de 10% a 15%.
De acordo ainda com a polícia, Jonas responde no Rio de Janeiro a mais de 30 inquéritos. Também há processo contra ele em São Paulo, Maranhão, Recife, Ceará, entre outros. Ele foi preso na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
"Na esfera cível, existe infinidade de processos pedindo ressarcimento ao próprio jJonas e a JJ INvest. Estima-se que em todo país, existam mais de 3 mil lesados com algumas pessoas perdendo até mais de R$ 1 milhão".
A JJ Invest ficou conhecida no cenário nacional após patrocinar times de futebol e mundialmente, após o jogador Neymar ter estampado a JJ na sua camisa. Alguns artistas e jogadores também investiram na pirâmide e perderam bastante dinheiro.
"Com a prisão de Jonas, chega ao fim à procura do maior operador de pirâmides do país", afirmou a Polícia Civil, em nota.
Delegada: 'Jonas mudava de endereço com frequência'
A delegada Daniela Rabello disse que Jonas mudava de endereço com frequência para não ser detido. "Diziam que ele tinha saído do país, mas ele permaneceu o tempo todo escondido em casa de parentes, de amigos e também em hotéis no Recreio dos Bandeirantes e em Vargem Grande [bairros da zona oeste do Rio]. Ele se transferia de um local para o outro bem cedo, pois ele não podia circular normalmente em horário comercial. Fomos nos endereços, até que o localizamos".
Em depoimento à polícia, Jonas afirmou que ressarciu alguns clientes e que o restante do dinheiro ele perdeu na Bolsa de Valores.
De acordo com a delegada, Jonas responde por crimes em diversas delegacias como estelionato, crime contra o sistema financeiro, entre outros. Entre as vítimas, está o ex-jogador Zico e também outras artistas e pessoas que "investiram o único dinheiro que tinham", destacou a delegada.
Segundo a investigadora, Jonas era bem conhecido na comunidade judaica. Ela descreveu Jonas como um homem inteligente e que conhecia bem o sistema de investimentos.
"Ele tinha proximidade com artistas e isso trazia credibilidade para ele que conseguiu atrair inúmeros investidores com promessa de retorno bem acima do mercado. Ele chegou a patrocinar o Vasco da Gama [clube carioca do Rio] e isso fazia com ele ganhasse a confiança das pessoas".
De acordo com as investigações, no último ano, Jonas não atraia mais novos investimentos.
"Ele pagava alguns clientes com os recursos das pessoas novas que entravam. A base [da pirâmide] ficou forte e ele até conseguiu saldar algumas dívidas, mas depois as pessoas saiam, outras não recebiam e ele não tinha mais dinheiro para pagar", explicou a delegada.
A reportagem tenta contato com Jonas e a JJ Invest, mas ainda não obteve sucesso.
Prisão decretada em 2019
Jonas teve prisão preventiva decretada em 2019 e, na mesma época, foi criado um perfil de "vítimas da JJ invest". Na ocasião, Justiça Federal do Rio o acusou de violar três artigos da chamada Lei do Colarinho Branco, cujas penas podem chegar a 22 anos de prisão em caso de condenação, segundo o jornal O Globo.
O Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP) informou à época que o mandado de prisão foi expedido em 7 de junho de 2019. Jaimovick foi acusado de "fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio", de "gerir fraudulentamente instituição financeira" e de "apropriar-se de dinheiro, título, valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio."
Ainda segundo o jornal, a empresa não tinha autorização para funcionar e o empresário sumiu em fevereiro do ano passado com pelo menos R$ 170 milhões de 3 mil clientes, entre eles celebridades o ex-jogador de futebol Zico.
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