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Bolsonaro diz a investidores estrangeiros que auxílio não será permanente

Jair Bolsonaro (sem partido) participa na manhã de hoje de um evento organizado pelo banco suíço de investimentos Credit Suisse - Eduardo Valente/iShoot/Estadão Conteúdo
Jair Bolsonaro (sem partido) participa na manhã de hoje de um evento organizado pelo banco suíço de investimentos Credit Suisse Imagem: Eduardo Valente/iShoot/Estadão Conteúdo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

26/01/2021 09h47Atualizada em 26/01/2021 14h24

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reafirmou hoje o compromisso do governo com o teto de gastos e, a investidores estrangeiros, declarou que o governo não deixará que "medidas temporárias" se tornem "compromissos permanentes de despesas".

O governante participa na manhã de hoje, ao lado dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, do "Latin America Investment Conference", evento organizado pelo banco suíço de investimentos Credit Suisse.

"No âmbito fiscal, manteremos firme compromisso com a regra do teto de despesas como âncora de sustentabilidade e de credibilidade econômica", declarou Bolsonaro. "Não vamos deixar medidas temporárias relacionadas com a crise se tornem compromissos permanentes de despesas."

Ao falar em "medidas temporárias", Bolsonaro faz referência principalmente ao auxílio emergencial, benefício criado para socorrer os brasileiros mais impactados pela pandemia do coronavírus, como os trabalhadores informais e os cadastrados em programas sociais.

No Congresso, há pressão de parlamentares para que o auxílio seja prorrogado. Eles argumentam que, sem os recursos, parte da população que foi beneficiada não terá como se manter. Ontem, em conversa com apoiadores, o presidente já havia rejeitado a possibilidade. Segundo ele, o mecanismo emergencial "não é aposentadoria".

"Não, não vou [prorrogar]. Converso isso com o Paulo Guedes, contigo não. A palavra é emergencial. O que é emergencial? Não é duradouro, não é vitalício, não é aposentadoria. Lamento muita gente passando necessidade, mas a nossa capacidade de endividamento está no limite."

A possibilidade de o Brasil descumprir a lei que estabelece o teto de gastos é um dos principais temores dos grandes investidores. Se isso ocorrer, economistas afirmam que o ambiente fiscal se tornaria frágil, com fuga em massa de recursos hoje aplicados no país —tanto nos grandes projetos de desenvolvimento quanto no mercado de capitais.

Bolsonaro tentou passar uma imagem otimista da recuperação econômica do país e afirmou que "2020 foi desafiador" para toda a comunidade internacional em razão da pandemia. Para ele, o Brasil já está a recuperar o seu "dinamismo econômica", de modo que seria possível projetar um 2021 de "resultados bastantes positivos".

O chefe do Executivo federal buscou reforçar o interesse nacional em atrair novos investimentos estrangeiros por meio do PPI (Programa de Parcerias e Investimentos), com a aceleração de privatizações e concessões, sobretudo na área de infraestrutura.

Bolsonaro também reafirmou que a "meta prioritária da política externa brasileira" é a entrada na OCDE, grupo que reúne os países mais ricos do mundo. Além disso, mais uma vez, defendeu a importância da aprovação das reformas propostas pelo governo no Congresso Nacional.